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BTG vai lançar criptoativo com lastro em imóveis inadimplentes

Felipe Marques

21/02/2019 10h02

(Bloomberg) -- O Banco BTG Pactual vai entrar no mundo dos criptoativos com o lançamento de seu próprio token digital.

O BTG, o maior banco de investimentos da America Latina, vai fazer um oferta pública inicial de até US$ 15 milhões para um ativo digital chamado ReitBZ, que terá como lastro uma carteira de imóveis brasileiros envolvidos em problemas de inadimplência, disse Gustavo Roxo, o responsável pela área de tecnologia do banco, em entrevista. O token, que por ter lastro em ativos não se trata de uma criptomoeda vai usar a tecnologia blockchain, um registro público e descentralizado de transações.

Investidores poderão comprar o token via uma plataforma digital montada pelo banco, sendo que o pagamento terá de ser feito ou via Ether, umas das criptomoedas mais valiosas do mundo, ou via Gemini Dollar, a criptomoeda criada pelos gêmeos Winklevoss que é atrelada ao dólar americano. Eles serão remunerados por dividendos periódicos pagos com a recuperação dos imóveis do portfólio, que vai ficar a cargo da Enforce, uma empresa do BTG.

O token será vendido para investidores globais, com exceção do Brasil e dos Estados Unidos, e o banco exige um cadastro dos compradores. O retorno anualizado que o banco sinalizou para investidores fica entre 15% a 20% em reais, já que não há hedge na estrutura. O BTG também fará formação de mercado para o token, dando liquidez para quem precisar sair do investimento.

"O BTG está empregando o seu capital próprio para dar liquidez porque nós realmente acreditamos no universo cripto", disse Roxo. "Nós criamos essa estrutura porque achamos que os investidores do mundo digital têm um apetite maior por risco."

O criptoativo foi a forma que o BTG encontrou de acessar investidores internacionais para seus ativos "distressed" a um custo menor que os meios tradicionais, disse Roxo. O ReitBZ será perpétuo, a oferta inicial vai durar cerca de 90 dias e o dinheiro será investido na compra de imóveis com problemas.

"Sabíamos que precisaríamos dominar essa tecnologia, então já vinhamos fazendo experiências com ela há alguns anos", disse André Portilho, sócio do banco responsável pela iniciativa. "Chegamos à conclusão que bitcoin e algumas outras moedas eram voláteis demais, mas vimos a oportunidade de fazer algo novo com esse token e colocando capital do banco no jogo."