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Startup se prepara para trabalho de robôs e humanos em fábricas

Pavel Alpeyev

26/02/2019 13h42

(Bloomberg) -- A Veo Robotics, uma startup que desenvolve a tecnologia de sensores que permitem que robôs industriais trabalhem em segurança ao lado de humanos, fechou uma rodada de financiamento em meio aos preparativos para o lançamento do produto, em maio.

A empresa levantou US$ 15 milhões no fim do mês passado, elevando o financiamento total para cerca de US$ 28 milhões, disse o cofundador e CEO Patrick Sobalvarro em entrevista. A tecnologia proprietária da Veo usa sensores Lidar para criar mapas em tempo real dos espaços de trabalho das fábricas de modo que os robôs possam desacelerar ou parar completamente quando os trabalhadores humanos se aproximam demais.

Existem mais de 2 milhões de robôs industriais em operação em todo o mundo e a maioria trabalha dentro de gaiolas de segurança de metal. A reclusão funciona para tarefas repetitivas que podem ser feitas inteiramente por máquinas, como soldagem a arco, mas a maior parte do trabalho, mesmo nas fábricas mais automatizadas, requer envolvimento de pessoas. A incorporação de sensores de força nos membros industriais é uma forma de evitar que atropelem obstáculos, mas a mesma tecnologia que torna os braços seguros também os torna fracos. A maioria dos chamados cobots não é capaz de lidar com objetos de mais de 10 quilos. A visão computacional oferece uma forma de colocar os robôs em ambientes mais complexos sem comprometer sua força.

"O lugar onde se veem muitos robôs é apenas o começo da montagem", disse Sobalvarro. "Esses robôs de soldagem criam imagens chamativas, mas o que não se vê são as outras 250 a 500 etapas do processo, que são totalmente manuais."

Outro obstáculo é que cada vez mais as fabricantes têm que fazer vários produtos na mesma linha de montagem e estão constantemente reequipando a produção para se acomodar à mudança de gosto do consumidor. Um operário de uma linha automotiva pode trabalhar em um SUV, depois em uma minivan e um sedã a um ritmo de um por minuto, o tipo de variedade que os robôs não fazem muito bem, disse Sobalvarro.

"Simplesmente não faz nenhum sentido automatizar mais por causa da customização em massa", disse. "Nós deixamos que a fabricação seja mais flexível e adotamos ciclos de produtos cada vez mais apertados."

Além disso, não há trabalhadores suficientes para fazer o trabalho. Cerca de meio milhão de postos de trabalho foram deixados em aberto na indústria americana no ano passado e a escassez pode chegar a 2,4 milhões na próxima década, segundo relatório da Deloitte Consulting e do Manufacturing Institute. "Qualquer lugar que você puder encontrar para introduzir robôs, ajuda", disse Sobalvarro.

A Veo, que tem sede em Waltham, Massachusetts, EUA, está trabalhando em estreita colaboração com as maiores fabricantes de robôs do mundo, a Fanuc, a Yaskawa Electric e a Kuka. Mas os primeiros clientes da Veo provavelmente serão empresas automotivas, fabricantes de bens duráveis como eletrodomésticos e fabricantes de equipamentos de petróleo e gás, setor no qual a revolução do xisto criou demanda por uma customização maior. A tecnologia poderia ser usada para que as máquinas entreguem peças a trabalhadores humanos, para carregar e descarregar equipamentos e na paletização.