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Fundos de hedge se afastam da bolsa, mas não de ações favoritas

Lu Wang e Melissa Karsh

27/02/2019 15h37

(Bloomberg) -- Os fundos de hedge dos EUA têm se distanciado das bolsas, mesmo após o salto que gerou US$ 1 trilhão em valor de mercado desde o Natal. No entanto, eles estão confiantes de que as ações que têm em carteira são as mais promissoras.

Essa convicção é evidenciada por uma medida de quanto da carteira do fundo de hedge médio é dominada pelos principais ativos. Segundo documentos submetidos trimestralmente pelos fundos e compilados pelo Goldman Sachs, os 10 principais ativos representam 70 por cento da carteira coberta dos fundos, a maior parcela desde pelo menos 2002.

As cinco ações que aparecem mais frequentemente entre as 10 maiores posições dos fundos de hedge são Amazon, Microsoft, Facebook, Alphabet e Alibaba.

É um contraste com o menor apetite por risco que parece dominar o segmento. Dados dos grandes bancos mostram que fundos clientes ainda não embarcaram no movimento que sustenta a alta de quase 12 por cento do S&P 500 em 2019, marcando o melhor início de ano em três décadas. A alavancagem líquida (que mede quanto risco os investidores assumem) ficou abaixo do 30º percentil em um intervalo de 12 meses, segundo dados do Goldman Sachs e do JPMorgan.

No Morgan Stanley, os fundos de hedge clientes diminuíram a alavancagem de 49 por cento no final do ano passado para 46 por cento. O recuo diante da valorização das ações sugere piora do sentimento. Se os fundos não tivessem agido, a própria alta das bolsas teria aumentado a alavancagem para 54 por cento, estimou o banco.

A tendência de distanciamento do mercado acionário, mas com manutenção do foco em ações que merecem grande confiança, é visível na Third Point. Seu principal fundo perdeu 12 por cento no quarto trimestre, mas subiu 2,9 por cento em janeiro. A firma reduziu a exposição no final de 2018 e manteve o posicionamento "moderado", convencida de que terminou o período de uma década de flexibilização monetária que impulsionou os ativos de risco. Por outro lado, a Third Point acha que é boa hora para comprar "boas ações".

"Embora nosso posicionamento mostre que não acompanhamos os índices nas primeiras semanas do ano, esperamos a volta da volatilidade e estamos bem posicionados para aproveitar quedas, especialmente quando boas ações são pressionadas para baixo em operações correlacionadas ou pegas em uma queda de ETFs ou por fatores quantitativos", escreveu a Third Point em carta a investidores na semana passada. "Isso é essencial."

A escolha de ações a dedo é marcante em 2019. Em um processo contrastante com o observado nos últimos anos, fundos mútuos que diferenciam empresas captaram quase US$ 4 bilhões em novos recursos neste ano. Já os fundos negociados em bolsa (ETFs) que aplicam em ações que acompanham índices registraram aproximadamente US$ 10 bilhões em resgates, de acordo com dados do Instituto de Companhias de Investimento e da Bloomberg.

Comprar as ações certas nunca foi fácil, mas há indícios de que gestores profissionais se saem melhor. Uma lista VIP que reúne as 50 ações preferidas deles, compilada pelo Goldman Sachs, supera o mercado como um todo em 0,6 por cento por trimestre desde 2001. A cesta teve alta de 15 por cento neste ano e outra vez está à frente do S&P 500.

Recentemente se juntaram à lista VIP GoDaddy, Marathon Petroleum, SS&C Technologies, Dollar Tree, Electronic Arts, Micron, Dell Technologies e HCA Healthcare.

Repórteres da matéria original: Lu Wang em New York, lwang8@bloomberg.net;Melissa Karsh em N York, mkarsh@bloomberg.net