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Acordo AT&T-Time Warner pode inspirar mais fusões e aquisições

Ruth David

28/02/2019 17h33

(Bloomberg) -- A aquisição da Time Warner pela AT&T, agora concretizada, pode inspirar outras empresas de telefonia e de mídia a seguirem o exemplo em um momento em que o Vale do Silício ameaça os dois setores.

"Se o setor de telecomunicações está sob pressão, o de mídia está mais ainda", disse Fede Membrillera, chefe de finanças corporativas da assessoria butique Delta Partners, nos bastidores do MWC Barcelona, o maior encontro do setor de telecomunicações, nesta semana. "Apesar das dúvidas em relação à capacidade de cumprimento da promessa, esperamos ver transações nas quais empresas de telecomunicações comprarão ou se combinarão com grupos de mídia."

A AT&T fechou a compra da Time Warner no ano passado por US$ 85 bilhões, somando um império de mídia que inclui a TBS, os estúdios da Warner Bros. e programas de sucesso, como "Game of Thrones". O acordo foi uma tentativa de diversificar os negócios e conter a perda de assinantes de TV paga para novos concorrentes como a Netflix.

Os fundos de capital de risco também estão ampliando as atividades em um momento em que as empresas dos setores de tecnologia, mídia e telecomunicações fazem apostas estratégicas em startups, disse John Harrison, chefe de mídia e entretenimento da EY.

"Será uma continuação de um período agitado de fusões e aquisições no setor de mídia, mas podemos não ver muita atividade sob a perspectiva dos meganegócios", disse Harrison. "As empresas procuram adquirir talentos e tecnologias na tentativa de crescer."

Mas os negociantes não falaram apenas de fusões e aquisições na MWC.

Lançamentos de 5G

Na Europa, as empresas menores estão concentradas em compartilhar infraestrutura com seus pares em meio aos preparativos para o lançamento de redes de "quinta geração", prometendo velocidades ultrarrápidas e baixa latência, e os custos que isso implicará, segundo Wilhelm Schulz, presidente de fusões e aquisições do Citigroup para Europa, Oriente Médio e África.

A Vodafone Group se aliou à Telecom Italia na semana passada para estudar formas de colaborar na construção da nova tecnologia de rede na Itália e, no mês passado, anunciou um plano para ampliar seu acordo de compartilhamento de torres no Reino Unido com a Telefónica.

O CEO da Telefónica, José María Álvarez-Pallete, disse à Bloomberg TV na segunda-feira que está aberto a mais alianças que "façam sentido do ponto de vista econômico e racional".

"Não projetamos transações internacionais no setor de telecomunicações a curto prazo, embora o mercado europeu seja muito mais fragmentado do que o americano e não haja duplicação, e por isso as preocupações antitruste são menores", disse Schulz. "Mas os investidores têm foco no curto prazo e não querem que as empresas paguem prêmios por negócios que não sejam imediatamente sinérgicos."

Vendas de torres

Ainda assim, empresas do setor, especialmente aquelas com altos níveis de endividamento, encontraram uma forma de levantar dinheiro.

"As operadoras de telecomunicações estão concentradas em extrair valor para sua infraestrutura e para ativos de torres formando parceria com o capital privado e dividindo os custos de infraestrutura com seus pares", disse Pieter-Jan Bouten, sócio da consultoria Greenhill & Co. Ele espera mais atividade nos ramos de torres e fibra neste ano porque a "infraestrutura de telecomunicações enquanto nova classe de ativos atrairá um custo menor de capital e uma abordagem mais de longo prazo, de forma que as operadoras poderão conseguir um reconhecimento de valor por seus ativos de rede muito acima do ponto em que são negociados".

--Com a colaboração de Stefan Nicola.