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Custo de frete de caminhão aumenta preços de produtos nos EUA

Leslie Patton e Matthew Townsend

01/03/2019 12h58

(Bloomberg) -- A escassez de caminhoneiros nos EUA está prestes a atingir os consumidores exatamente onde dói: na areia para os gatinhos.

A Martin-Brower, distribuidora de longa data do McDonald's, elevará as taxas de entrega, o que ameaça os preços baixos dos cardápios, e a Procter & Gamble, a Church & Dwight e a Hasbro estão alertando que uma alta nas taxas de frete poderia ser repassada para os consumidores de tudo, da pasta de dentes Crest e da areia para gatos Arm & Hammer aos bonecos da My Little Pony. E tudo isso porque as empresas de transporte não conseguem encontrar motoristas.

"Os jovens não querem dirigir caminhões", disse Darren Tristano, CEO e fundador da consultoria Foodservice Results. "Eles olham tudo isso e dizem: 'Eu quero algo com mais glamour, mais voltado para a tecnologia'."

Os EUA simplesmente não têm caminhoneiros suficientes para entregar tudo o que a população compra. Isso não é uma novidade, mas muitos varejistas estão começando a sentir o problema à medida que os contratos anuais de frete são renovados. Por causa disso, as empresas de caminhões estão procurando encontrar uma forma de manter os custos baixos.

Problema de longo prazo

A falta de motoristas é um problema de longo prazo que vai piorar e vai custar caro aos consumidores, disse Lee Klaskow, analista da Bloomberg Intelligence. Os aumentos salariais para os motoristas não funcionaram muito. Os caminhões autônomos ainda estão longe. E mesmo que os parlamentares consigam reduzir a idade mínima para ser motorista de longa distância de 21 para 18 anos, como alguns propõem, isso não ajudaria muito. O seguro para motoristas jovens seria exorbitante, o que tornaria o emprego difícil e a maioria dos jovens o evitaria, disse ele.

As empresas estão tentando reduzir custos usando software para otimizar rotas e transportando parte da carga de trem. Embora mais baixas, essas taxas têm aumentado e não são tão flexíveis quanto o deslocamento de um caminhão ponto a ponto.

Para a Amazon, os custos de frete superam consistentemente o crescimento das vendas on-line. A empresa está tentando encontrar formas mais baratas de entregar pacotes ou talvez tenha que aumentar os preços. A Amazon já elevou 20 por cento sua taxa de assinatura anual do serviço Prime, para US$ 120 no ano passado, a primeira alta desde 2014.

E também tem o cardápio do McDonald's. A Martin-Brower faz envios para 12.372 restaurantes nos EUA e 20.208 em todo o mundo, portanto, o efeito de uma alta nas taxas é generalizado.

"Devemos ter a possibilidade de repassar esses aumentos para os nossos clientes", disse um grupo de franqueados do McDonald's em postagem em um site no dia 27 de fevereiro. "O resultado é que os custos deles estão subindo e os nossos também."

--Com a colaboração de Aviel Brown, Matthew Boyle, Spencer Soper e Thomas Black.

Repórteres da matéria original: Leslie Patton em Chicago, lpatton5@bloomberg.net;Matthew Townsend em New York, mtownsend9@bloomberg.net