Apple só acomoda aparelhos de outras marcas quando necessário
(Bloomberg) -- A Apple mostrou na segunda-feira que pode abrir seus serviços e software para aparelhos concorrentes ? mas só quando for absolutamente necessário.
O aplicativo atualizado de TV, incluindo um novo serviço de assinatura para programas e filmes originais, será lançado em iPhones, iPads e Macs, mas também estará disponível em dispositivos da Amazon.com e Roku e em smart TVs das marcas LG Electronics, Sony e Samsung Electronics.
Durante as duas horas de apresentação da fabricante do iPhone, não houve menção ao Google, dono do sistema Android, que roda em 85 por cento dos smartphones produzidos mais recentemente.
À primeira vista, pode parecer uma omissão equivocada por parte da Apple, que planeja lançar novidades em mais de 100 países. Na maioria deles, o Android é ainda mais presente. Não produzir uma versão do aplicativo de TV para Android equivale a ignorar centenas de milhões de potenciais assinantes, especialmente fora dos EUA.
No entanto, a Apple está fazendo a aposta calculada de que não precisa de usuários do Android - ou tem outras maneiras de chegar até eles sem precisar se aproximar do arquirrival Google.
Os dados da Netflix dão uma ideia do raciocínio da Apple. A líder em streaming de vídeo informou no ano passado que 70 por cento dos usuários assistem seu conteúdo na TV. Ou seja, os consumidores estão usando smart TV com aplicativo Netflix ou ligando a TV em um dispositivo com o aplicativo Netflix para curtir Stranger Things e outras séries e filmes. Apenas 10 por cento assistem Netflix no celular, 15 por cento no computador e 5 por cento no tablet.
Os negócios da Netflix vão muito bem fora dos EUA. A Apple provavelmente decidiu correr o risco de ignorar o Android como canal de distribuição.
Ainda assim, as iniciativas envolvendo serviços digitais estão forçando a Apple a acolher equipamentos da concorrência. A empresa já oferece iTunes e iCloud para Windows e existe a versão do aplicativo Apple Music para Android porque as pessoas fazem streaming de música principalmente pelo telefone. Segundo um relatório divulgado na terça-feira pela Sensor Tower, o aplicativo Apple Music foi instalado 40 milhões de vezes em aparelhos Android.
Mas é improvável que a empresa trabalhe em integrações adicionais para o Android. A Apple não citou o Android para o serviço de notícias News+, que custará US$ 10 por mês. Além disso, a companhia não quis oferecer iMessage e FaceTime para outras plataformas, provavelmente por entender que esses recursos ajudam a reter usuários e a vender iPhones.
Afinal, a Apple no fundo é uma empresa de hardware e não quer dar ao consumidor mais razões para optar por um aparelho Android em vez de um iPhone. A receita gerada por serviços é minúscula se comparada às vendas de iPhones, iPads, Macs e Apple Watches.
O recado é claro: a Apple lançará serviços para aparelhos de outras fabricantes quando isso beneficiar a empresa e não atrapalhar as vendas dos seus dispositivos.
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