Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Irmãos russos ficam bilionários criando games como Gardenscapes

Ilya Khrennikov e Alexander Sazonov

17/04/2019 15h28

(Bloomberg) -- Há quase duas décadas, em uma longínqua cidade da Rússia conhecida pela produção de manteiga e tecido, dois irmãos dividiam um quarto e um computador com processador Pentium 100, que usaram para programar seu primeiro jogo.

Wall Street agora quer um pedaço do que os dois construíram.

O alto escalão da Playrix fez reuniões com os maiores bancos e "visitou os arranha-céus deles", conta Dmitry Bukhman, 34 anos, citando encontros no Goldman Sachs Group e Bank of America. Mas, por ora, "nós estamos focados em expandir o negócio".

Ele e Igor Bukhman, 37 anos, são as cabeças que movem a Playrix Holding, desenvolvedora de games parecidos com o Candy Crush, como Fishdom e Gardenscapes, quem têm mais de 30 milhões de usuários diários ao redor do mundo e faturamento anual de US$ 1,2 bilhão, segundo a Newzoo. A empresa está entre as 10 maiores desenvolvedoras de aplicativos das lojas iOS e Google Play em termos de receita, de acordo com dados da AppAnnie.

Hoje, cada irmão é dono de US$ 1,4 bilhão, segundo o Bloomberg Billionaires Index. É a primeira vez que eles aparecem em um ranking de fortunas globais.

A jornada começou em 2001 em Vologda, localizada 483 quilômetros ao norte de Moscou. Um professor universitário contou a Igor que ele podia vender software pela internet. Ele se dispôs a fazer isso com a ajuda de Dmitry, que ainda cursava o ensino médio.

"Nós não tínhamos experiência, não tínhamos nenhum entendimento de negócios ? a gente só pensava em criar jogos", lembra Igor.

O maior mercado da Playrix é o dos EUA, seguido de China e Japão, informaram os irmãos durante uma entrevista realizada em Tel Aviv, onde moram parte do tempo. Os dois administram 1.100 funcionários de maneira remota, incluindo pessoal na sede na Irlanda e desenvolvedores na Rússia, Ucrânia e Belarus.

O primeiro jogo foi criado durante as férias de verão e gerou US$ 60 no primeiro mês e US$ 100 por mês nos meses seguintes. Era metade do salário médio em Vologda.

Em 2004, quando a receita mensal chegou a US$ 10.000, os dois registraram a empresa, alugaram o porão de uma livraria e contrataram gente para acelerar a produção.

Nos primeiros anos, eles vendiam games em sites como majorgeeks.com e download.com e depois migraram para plataformas maiores, como Yahoo! e AOL. Na última década, os games começaram a migrar para o Facebook e então para os smartphones.

A maior parte da receita da Playrix vem de compras dentro dos aplicativos. Os irmãos preferem não veicular anúncios para não prejudicar a experiência do usuário."Foi um grande desafio para nós passar a desenvolver jogos gratuitos ? é um DNA totalmente diferente", disse Dmitry. "Com jogos gratuitos, nós não desenvolvemos, lançamos e então passamos para outro. São serviços que precisam de suporte constante porque os usuários esperam atualizações regulares."

A Playrix teve sucesso nessa transição, conquistando reconhecimento mundial nos últimos três anos com o Gardenscapes e sua sequência, o Homescapes. Neste último, o jogador supera fases e percorre um roteiro animado, ajudando um mordomo chamado Austin a reformar uma casa com jardim.

"São como aplicativos, como o Spotify ? as pessoas podem usá-los durante anos", explicou ele. "Por que não pagar US$ 5 pelo prazer de jogar um game no celular em vez de assistir vídeos ou escutar música?"

Nos EUA, os usuários pagantes gastam, na média, US$ 32 por mês no Homescapes, o jogo mais popular da Playrix.

Não existe um preço mágico que convenceria os Bukhman a vender a empresa porque o dinheiro importa menos do que fazer algo que eles amam.

"Alguns podem pensar que, quando se tem muito dinheiro, tudo fica diferente e mais interessante e você começa a fazer outras coisas", disse Dmitry. "Mas não, nós apenas continuamos trabalhando."