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Frigoríficos sustentam bolsa em abril com impulso de febre suína

Gerson Freitas Jr. e Vinícius Andrade

30/04/2019 14h40

(Bloomberg) -- Os investidores mais otimistas com ações brasileiras podem querer agradecer a uma doença fatal de suínos na China, que ajuda o mercado a caminhar para a primeira alta mensal desde janeiro.

O Ibovespa busca encerrar uma sequência de dois meses seguidos de perdas -- a maior desde junho do ano passado. BRF, JBS e Marfrig, entre as principais produtoras de carne do país, subiram ao menos 20% no período, responsáveis por quase todo o avanço do índice acionário em pontos. Sem o trio, o índice estaria virtualmente estável no mês.

A forte performance do setor sinaliza uma recuperação em relação aos últimos anos, quando os papéis acabaram ficando para trás, em meio a contratempos incluindo um escândalo de segurança alimentar, restrições de exportações e fraco consumo doméstico. Agora, investidores estão apostando que as empresas estão bem posicionadas para colher os benefícios do surto de febre suína que está reduzindo o estoque na China, o maior consumidor global. Preços de carne e volumes -- seja de frango, porco ou carne bovina -- devem subir e impulsionar receitas para os principais fornecedores brasileiros, segundo analistas.

O transtorno na China pode afetar até 5% da produção global total de proteínas, segundo estimativas do Goldman Sachs.

A BRF, maior produtora de frango e suínos do Brasil, criada depois que a Perdigão adquiriu a rival Sadia em 2009, registrou um ganho de 35% neste mês -- a maior alta percentual do Ibovespa. JBS subiu 22% para uma nova máxima histórica e Marfrig avançou 20%.

Nem todos os analistas veem o rali como justificado. Enquanto a perspectiva de preços mais fortes levou o Morgan Stanley a subir sua recomendação para JBS, outros acreditam que a ação já foi longe demais. Na semana passada, a JBS teve dois rebaixamentos - do Citigroup e do Bradesco BBI.

A Minerva, exportadora de carne bovina que não faz parte do Ibovespa, saltou quase 18% -- para o nível mais alto em quase um ano --, também impulsionada pela especulação em torno da demanda. Separadamente, a empresa brasileira está perto de completar uma oferta pública inicial chilena de sua unidade Athena Foods, que compreende operações de carne em Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Chile.