Goldman diz que guerra comercial pode elevar inflação nos EUA
(Bloomberg) -- O mais recente aumento de tarifas imposto pelo presidente Donald Trump sobre os produtos chineses deve impulsionar o indicador preferencial do Federal Reserve para a inflação subjacente, e uma nova escalada da guerra comercial terá um impacto ainda maior sobre os preços, como também sobre o crescimento econômico, segundo o Goldman Sachs.
O Goldman revisou sua estimativa do impacto tarifário sobre o núcleo da inflação ao consumidor em 0,2 ponto percentual, segundo relatório divulgado no sábado. O banco estima que, se os EUA impuserem tarifas sobre os cerca de US$ 300 bilhões restantes de produtos chineses, o efeito aumentaria para 0,5 ponto. Se o núcleo da inflação subir "notavelmente" acima de 2% no ano que vem, isso "aumentaria ligeiramente a probabilidade" de um aumento da taxa de juros pelo banco central.
O banco de investimentos citou novas evidências dos efeitos das tarifas de 2018 a partir de dois estudos publicados em março pelo Departamento Nacional de Pesquisa Econômica. Também classificou os preços ao consumidor em categorias afetadas pelas tarifas, mostrando que os custos aumentaram acentuadamente no ano passado para esses segmentos, enquanto em categorias não afetadas pelos itens houve queda.
"Os custos das tarifas foram inteiramente arcados por empresas e famílias dos EUA", disseram os economistas do Goldman, contrastando com as declarações de Trump de que o peso recai sobre a China. "Uma nova escalada da guerra comercial poderia resultar em um impacto no PIB de até 0,4%, e se as tensões comerciais provocarem uma grande onda vendedora no mercado acionário, o impacto sobre o crescimento poderia piorar consideravelmente."
O Ministério das Finanças da China disse na segunda-feira que o país elevará as tarifas sobre os produtos americanos a partir de 1º de junho, depois que os EUA aumentaram as tarifas de 5.700 categorias de produtos chineses de 10% para 25%.
Embora os bens de consumo respondam por cerca de 25% dos itens visados na escalada das tarifas dos EUA, esses produtos representam cerca de 60% da parcela restante de cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses, segundo o relatório dos analistas David Choi, David Mericle, Blake Taylor e Ronnie Walker.
Há cerca de 30% de probabilidade de que Trump imponha tarifas sobre os US$ 300 bilhões restantes das importações que ainda não foram atingidas, segundo o Goldman.
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