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Heneghan: Quem investe quer avanços concretos e não populismo

Fabiola Moura

16/05/2019 14h05

O presidente da Equity International, Tom Heneghan, comentou suas perspectivas para a América Latina em entrevista na sede da Bloomberg, em Nova York.

Para Heneghan, os dois maiores mercados da região, Brasil e México, precisam mostrar resultados concretos para atrair investimentos. Na Argentina, o executivo destaca que a volta de Cristina Kirchner é um risco real.

  • "O que está acontecendo em toda a América Latina e em mercados emergentes é um componente político bastante volátil, impulsionado por um pouco de populismo, um pouco sobre as pessoas estarem fartas de corrupção e um pouco sobre essa divisão entre os que tem tudo e os que não têm nada.
  • "Em países como o México, a situação é muito semelhante. As pessoas estavam preocupadas com o que tinham tudo e o que não tinham nada. Havia corrupção, e votaram (no presidente mexicano Andrés Manuel) López Obrador, que é mais de esquerda do que o governo anterior, enquanto o Brasil votou na direita."
  • "Vários países na América Latina mostram volatilidade muito semelhante e se movem de uma forma ou de outra impulsionados por problemas semelhantes."
  • "Nos mercados emergentes, você se prepara para o pior, espera o melhor e percebe que mesmo essa abordagem pode ser muito otimista. Essa é a realidade."
  • "O mercado está observando o México, tentando descobrir quem é esse cara. E está observando Bolsonaro, tentando descobrir o que esse cara pode fazer."

Brasil

  • "Acho que o Brasil está preparado para uma entrada significativa de capital. Vai depender se aprovar a reforma da Previdência."
  • "Todo mundo no Brasil está muito otimista, mas quando você entende o desafio de realmente passar pelas etapas para aprovar a reforma da Previdência, as chances de a reforma não passar, ser diluída ou atrasar - ou tudo isso junto - são bastante significativas."
  • "Minha esperança é que o governo seja pragmático, trabalhe para obter consenso e realmente aprove algum tipo de reforma da Previdência... mas também elimine a exigência da emenda constitucional para qualquer possibilidade de ajuste ou reforma da Previdência que possa ser necessária no futuro se não conseguirem fazer tudo na primeira vez."
  • "Acho que isso seria visto pelo mercado como um sinal incrivelmente otimista de que esse governo poderia então começar a atacar algumas das outras questões que tornariam o Brasil um lugar muito interessante para investir."
  • NOTA: A Equity International controla a operadora de estacionamentos Estapar e a operadora de self-storage GuardeAqui no Brasil.

Argentina

  • "Fomos para a Argentina sabendo que a Argentina era a Argentina. Portanto, não temos nenhuma alavancagem sobre nossos ativos e temos liquidez significativa para investir, ou seja, estamos à procura de oportunidades. Os dois ativos nos quais investimos são geradores de alto fluxo de caixa, e um dos ativos é uma estrutura de aluguéis em dólar."
  • "Então, podemos ficar pelo tempo que for necessário. Achamos que ainda existem oportunidades na Argentina. Se alguém der um tempo para o Macri. O cara está tentando fazer a coisa certa. O mercado realmente o penalizou quando começou a dizer que ele não estava controlando a inflação como se esperava."
  • "Rezamos para que Macri consiga uma trégua. Achamos que ele estava indo na direção certa. Achamos que o país ficaria muito melhor sob um governo Macri ou semelhante do que voltar a um regime anterior. Essa é nossa opinião."
  • "Os mercados imobiliários estão com pouca oferta há décadas. Então, achamos que há muitas oportunidades para aplicar capital em situações distressed.
  • "Se Macri sobreviver e se o governo conseguir aprovar algumas dessas reformas, vamos começar a ver algum capital entrando nesse mercado. E algumas pessoas acreditam que a Argentina pode ser um lugar que tenha alguma estabilidade por algum tempo. Podemos ver o país reagir.
  • NOTA: A Equity International controla a ARG Realty, uma empresa de imóveis comerciais na Argentina.

México

  • "Se López Obrador entender que a melhor maneira de ajudar o cidadão comum no México é com crescimento econômico e não com redistribuição de renda, e se ele for pragmático sobre as políticas colocadas em prática para tentar criar esse crescimento econômico em benefício do cidadão médio, o país pode se dar incrivelmente bem."
  • NOTA: A Equity International controla a operadora de shopping centers Acosta Verde no México.

--Com a colaboração de Misyrlena Egkolfopoulou.