CEO da Fiat Chrysler aposta mais no Brasil e injeta US$ 4 bi
(Bloomberg) -- Fiat Chrysler Automobiles NV vai lançar uma série de novos modelos no Brasil e expandir a produção nas duas fábricas locais como parte de um plano de 16 bilhões de reais (US$ 4 bilhões) para recuperar a participação de mercado perdida na maior economia da América Latina, disse Mike Manley, presidente mundial do grupo.
A empresa ítalo-americana aumentou seu investimento para a América Latina em 2 bilhões de reais até 2024, embora tenha ampliado o período do plano anunciado pela primeira vez em junho do ano passado. Os recursos serão destinados para aumentar a capacidade anual da fábrica Jeep em Pernambuco de 250.000 unidades para 350.000 e para a construção de uma nova fábrica de motores turbo.
"Queremos ter certeza de que a Fiat continue sendo muito forte no mercado brasileiro", disse Manley durante uma visita à fábrica de Betim. "A marca Fiat é uma parte vital do nosso negócio". Em um sinal de que a marca Fiat continua sendo uma parte fundamental da estratégia da empresa, o grupo prevê 15 lançamentos, entre novos modelos, atualizações de veículos em linha e séries especiais, para a Fiat e 10 para as marcas Jeep e Ram no país até 2024.
A América Latina é fundamental para os planos de Manley de aumentar os negócios da Fiat Chrysler globalmente. É a única região, além da América do Norte, em que a empresa ganhou dinheiro no primeiro trimestre, gerando 105 milhões de euros (US$ 117 milhões) em lucro ajustado antes de juros e impostos. A margem de lucro da montadora na América Latina no período foi de 5,4%, e tem como alvo uma rentabilidade de "quase dois dígitos" na região ao longo dos cinco anos até 2022.
A Fiat inaugurou sua primeira fábrica no Brasil em 1976 e a marca italiana foi líder em vendas no país por 12 anos até 2015. Isso acabou depois que a empresa se uniu à Chrysler e começou a colocar recursos na Jeep em um esforço para torná-la mais global, incluindo o início da produção local dos modelos Renegade e Compass. Enquanto a demanda pelos SUVs de margem mais alta da Jeep elevou a participação no mercado brasileiro de virtualmente zero há quatro anos para 4,8%, a marca Fiat caiu para o terceiro lugar.
A Fiat foi a primeira montadora no Brasil a estabelecer instalações industriais fora do estado de São Paulo, abrindo sua fábrica em Betim, em Minas Gerais, em 1976. Giovanni Agnelli, neto do fundador da empresa e avô do presidente John Elkann, esteve na inauguração.
Hoje, a fábrica produz motores, transmissões e oito modelos Fiat, do Mobi à Dobló. Tem capacidade anual de 800.000 veículos e 1,1 milhões de motores e transmissões. A fábrica da Jeep em Pernambuco emprega 5 mil pessoas e produz os modelos Renegade, Compass e a picape Fiat Toro.
O Brasil é uma das poucas regiões fora da Europa onde a marca Fiat alcançou ampla popularidade. Ela está desaparecendo nos EUA, onde o preço barato do gás e um caso de amor com grandes picapes e SUVs deixaram o modelo compacto 500 fora de moda. A marca também desapareceu da China. O foco futuro está na Europa, no Brasil e nos mercados emergentes, disseram em junho passado pessoas familiarizadas com o plano de cinco anos da empresa.
Concorrência em SUV
A fábrica de Betim produzirá três novos modelos a partir de 2020, incluindo dois novos SUVs para a marca Fiat, disse a empresa. A partir daí, a Fiat terá de competir com a Volkswagen AG e até mesmo a irmã Jeep, disse por email Felipe Munoz-Vieira, analista da Jato Dynamics, em Turim.
"O Brasil é um dos poucos mercados-chave remanescentes da marca Fiat, mas ela não está entre as marcas consideradas pelos consumidores que procuram um SUV", disse ele. "Esses dois novos SUVs da Fiat certamente ajudarão a marca a recuperar participação de mercado, mas, quando chegarem, a Volkswagen e a Jeep estarão melhor posicionadas no segmento".
O investimento latino-americano da Fiat Chrysler se compara a 10 bilhões de reais destinados à região pela General Motors Co. para 2020-2024 e a 7 bilhões de reais da Volkswagen até 2020. A VW vem perdendo dinheiro na América Latina e espera zerar até 2020. A diretor executiva da GM, Mary Barra, disse em fevereiro que seu negócio na América do Sul "continua sendo uma preocupação".
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Leonardo Lara, llara1@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Gabrielle Coppola Southfield, gcoppola@bloomberg.net;Vinícius Andrade em Sao Paulo, vandrade3@bloomberg.net;Leonardo Lara em São Paulo, llara1@bloomberg.net
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