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China busca soja da América do Sul para garantir oferta em 2020

Isis Almeida

27/08/2019 14h12

(Bloomberg) -- Em meio à confusão sobre a possibilidade de um acordo comercial entre Washington e Pequim, importadores de soja chineses preferem não se arriscar e buscam rivais dos EUA na América do Sul para garantir a oferta para o próximo ano.

O maior importador da commodity, usada na produção de óleo de cozinha e ração, já começou a comprar soja da América do Sul para 2020, segundo pessoas a par do assunto. Embora a China tenha começado a comprar alguns carregamentos há pouco mais de um mês, na semana passada importadores mostraram maior interesse por embarques de fevereiro e março, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as negociações são privadas.

As compras da China na América do Sul não são novidade - agricultores do Brasil e dos países vizinhos agora são os principais fornecedores do mercado chinês durante a guerra comercial. Mas garantir as compras com tanta antecedência é um sinal de que os clientes chineses podem estar se protegendo contra uma disputa ainda mais prolongada com os EUA.

A decisão ocorre em meio a sinais conflitantes sobre quais são as chances reais de uma resolução. Embora o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha dito na segunda-feira que as perspectivas de um acordo com a China são melhores agora do que em qualquer momento desde que as negociações começaram no ano passado, um importante editor da mídia estatal em Pequim questionou a versão de Trump dos eventos. Na sexta-feira, Trump havia elevado as tarifas a serem impostas à China poucas horas depois de o governo chinês anunciar taxas de retaliação.

Os clientes chineses também aproveitam os preços mais baratos da América do Sul para a safra do ano que vem. Enquanto a soja brasileira para carregamento em setembro é negociada com um prêmio de quase US$ 1,50 por bushel em relação aos futuros em Chicago, os embarques para março têm um prêmio de apenas 40 centavos de dólar, segundo dados da corretora Ary Oleofar.

Apesar do aumento das compras da América do Sul, a China não tem planos de cancelar carregamentos dos EUA que já foram comprados, segundo as pessoas. Dados do governo dos EUA indicam que a China comprou cerca de 14 milhões de toneladas de soja na atual temporada, com pouco mais de 2 milhões de toneladas ainda a serem embarcadas.

--Com a colaboração de Kevin Varley e Shuping Niu.

Para contatar a editora responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net