Proibição de mentol na UE: empresas de tabaco oferecem alternativas aos cigarros
(Bloomberg) -- Com a proibição dos cigarros mentolados pela União Europeia, gigantes da indústria do tabaco buscam maneiras criativas de continuar oferecendo aos fumantes sua dose de mentol.
Em janeiro, a Imperial Brands começou a vender tiras que podem ser inseridas em um maço de cigarros ou em uma bolsa para tabaco de enrolar para obter aroma de menta. A rival Japan Tobacco lançou cigarrilhas - pequenos charutos isentos da proibição - com cápsulas que liberam mentol ao pressionar um botão.
Em maio, a UE proibirá a venda de cigarros mentolados. Embora representem menos de 5% do mercado na Europa Ocidental, segundo José Becerril, analista da Euromonitor, esses produtos geram US$ 11 bilhões em vendas em todo o continente.
Cigarros aromatizados têm sido alvo de grupos antitabagismo porque esses produtos estimulariam o vício ao disfarçar o sabor do tabaco. A organização Action on Smoking and Health criticou a Imperial e a Japan Tobacco, dizendo que as empresas estão tentando se esquivar da futura proibição com os novos produtos.
"É um comportamento vergonhoso de empresas que dizem que não estão tentando viciar jovens", disse Deborah Arnott, presidente da Action on Smoking and Health. "Se o governo não agir rapidamente para acabar com essas práticas, acreditamos que estas se espalharão rapidamente."
Nos Estados Unidos, a FDA, agência que regula fármacos e alimentos, já proibiu a maioria dos cigarros com sabores e está examinando opções para regular o mentol. A abordagem das empresas de tabaco à proibição da UE pode oferecer algumas pistas sobre o que fariam se os EUA adotassem uma medida semelhante.
O mentol é um negócio muito maior nos EUA, que respondem por cerca de 30% das vendas de cigarros.
No entanto, existem bolsões de popularidade na Europa. No Reino Unido, cerca de 25% do mercado é composto por cigarros mentolados e "crushball", que contêm sabores que podem ser ativados com o acionamento de um clique, de acordo com o porta-voz da Imperial, Simon Evans. Esse segmento corresponderia a cerca de US$ 4,7 bilhões, segundo a Euromonitor.
As medidas da UE intensificarão a concorrência para atrair fãs do mentol para alternativas, incluindo o IQOS, o dispositivo de aquecimento de tabaco fabricado pela Philip Morris International, que está isento das novas regras. No ano passado, a gigante lançou novas lâminas térmicas de mentol para o IQOS.
Embora existam poucas evidências de que cigarros mentolados seriam mais tóxicos ou arriscados do que cigarros comuns, grupos de saúde pública dizem que esses produtos atraem jovens e podem causar maior dependência, pois é menos provável que esses fumantes consigam deixar o vício.
Países da UE aprovaram a proibição em 2016. A medida não se aplica às tiras de infusão vendidas pela Imperial, porque são considerados acessórios para fumar e não produtos de tabaco.
"Haverá algum tipo de impacto", disse Nico von Stackelberg, analista da Liberum. Ele disse que fumantes mais jovens podem optar por uma das muitas alternativas para fumar, enquanto os mais velhos podem enfrentar mais dificuldades para a transição e deixar a nicotina. "Fumantes podem achar que a transição para o tabaco aquecido ou produtos vaping é muito mais fácil" do que parar de fumar de forma abrupta.
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