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B3 desponta entre emergentes com menor receio sobre competição

Vinícius Andrade e Srinivasan Sivabalan

06/02/2020 15h56

(Bloomberg) -- As ações da bolsa de valores brasileira desafiam uma queda nos mercados globais, com os investidores amenizando as preocupações relacionadas à competição, que derrubaram o papel no fim do ano passado.

A B3 acumula alta de 15% neste ano, apesar do sell-off global provocado pelo surto do coronavírus. Para os investidores, a recuperação ocorre após uma reação inicial exagerada dos mercados. Enquanto se espera que o setor conte com novo participantes no futuro, a percepção é de que esse movimento não ocorra no curto prazo, enquanto a perspectiva de mercado de capitais aquecido no Brasil deve dar suporte aos resultados da empresa nos próximos trimestres.

Os temores sobre concorrência aumentaram no final do ano passado, após a conclusão de um processo de arbitragem permitir que outra empresa acesse sua central despositária de renda variável. Além disso, a CVM propôs novas regras para melhorar a regulamentação diante de um cenário de potencial concorrência entre os "ambientes de negociação". As ações da B3 caíram 10% na última semana de dezembro, a maior queda em quatro anos.

"Embora reconhecemos que novas regulamentações criam melhores condições para os concorrentes, as barreiras de entrada ainda são relevantes e o impacto de recém-chegados sobre os resultados da B3 pode ser limitado", estrategistas do Banco BTG Pactual liderados por Carlos Sequeira escreveram em relatório de 3 de fevereiro. A empresa recentemente incluiu a B3 à lista de principais escolhas no Brasil e reiterou recomendação de compra para a ação.

As ações da B3 foram responsáveis pela maior contribuição positiva para o índice MSCI de mercados emergentes desde meados de janeiro, quando as preocupações com o vírus começaram a ganhar força, provocando queda de mais de 5% do indicador. A empresa tem o quinto maior peso no Ibovespa.

Algumas das principais gestoras do país estão validando o rali. Leonardo Linhares, gestor e sócio da SPX Capital, disse em um evento em São Paulo em janeiro que a ação "já precificou demais" uma intensificação na concorrência. A Verde Asset Management, que administra cerca de R$ 45,6 bilhões, escreveu em carta que ganhos de eficiência da B3, uma recuperação econômica no Brasil e o desenvolvimento do mercado de capitais do país -- em um ambiente de juro baixo -- compensarão quaisquer perdas potenciais decorrentes do aumento da concorrência.

Entre os pontos que apoiam a visão positiva para o papel, grandes instituições financeiras, incluindo o Bank of America e o Credit Suisse, disseram que 2020 deve ser o melhor ano da história para ofertas de ações brasileiras, cujo volume subiu 213% em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"O mercado financeiro brasileiro passou por um longo período de 'crowding-out'. E esse ciclo está se revertendo só agora, o que destrava um forte impulso para os lucros e permite que os investidores sonhem alto com a B3 ", escreveram os estrategistas do BTG.

Repórteres da matéria original: Vinícius Andrade em Sao Paulo, vandrade3@bloomberg.net;Srinivasan Sivabalan London, ssivabalan@bloomberg.net