Crise dos mercados por vírus representa desafio inédito para Fed
(Bloomberg) -- Os mercados financeiros enviam uma clara mensagem aos bancos centrais: combater o impacto econômico do coronavírus não é apenas afrouxar condições financeiras, mas também estar preparados para uma parada repentina.
A queda dos mercados acionários reflete o temor de que a atividade econômica encolha no segundo trimestre, antes da recuperação nos meses seguintes. O colapso da receita corporativa e da renda familiar provocado pela pandemia é algo que o Federal Reserve nunca enfrentou no pós-guerra e que não pode resolver sozinho.
"Não acho que o Fed possa lidar com uma parada repentina", disse Glenn Hubbard, reitor emérito da Escola de Administração da Universidade Columbia, segundo o qual formuladores de políticas fiscais devem avaliar subsídios de substituição de receita para pequenas empresas. "Eu instaria formuladores de políticas a não serem cautelosos na tentativa de se adiantarem e interromperem o ciclo de destruição da demanda."
O Congresso dos EUA tenta lidar com o crescente rombo na demanda com um pacote fiscal de até US$ 1,3 trilhão, que inclui uma proposta de enviar dinheiro diretamente para famílias.
Enquanto isso, o banco central dos EUA reduziu a taxa de juros a zero, anunciou compras de ativos de pelo menos US$ 700 bilhões, adotou medidas de emergência para manter o fluxo de crédito e ainda estuda outras maneiras de apoiar a economia.
Pouco antes da meia-noite de quarta-feira em Washington, o Fed anunciou mais uma medida de emergência, com o lançamento de um programa para apoiar fundos mútuos do mercado monetário - um veículo de caixa comumente usado por investidores pessoa física e empresas - que ecoou os passos tomados na crise financeira.
Mais medidas
"A questão é o que podemos fazer além disso para lidar com os desafios reais de pequenas empresas e famílias", disse o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, em entrevista na quarta-feira.
Ele citou a o mecanismo de leilão a prazo usado pelo Fed durante a crise financeira para adiantar empréstimos a bancos e disse que vale a pena discutir empréstimos diretos a municípios dos EUA.
Embora todas essas medidas sejam importantes, economistas dizem que o passo mais vital é resposta pública de saúde para controlar o vírus para que as pessoas possam retomar a vida normal.
"Toda a economia global está parando", disse Julia Coronado, fundadora da MacroPolicy Perspectives, em Nova York. "Os bancos têm os balanços pressionados porque toda empresa inteligente no mundo acessou suas linhas de crédito."
Recessão
Michael Feroli, economista-chefe para EUA do JPMorgan Chase, estima que a economia norte-americana encolherá 4% no primeiro trimestre e até 14% nos três meses seguintes, com uma recuperação no final do ano.
"O Fed já fez muito e continuará sendo criativo ao tentar fazer mais", disse Feroli em nota aos clientes. Ele projeta que o Fed manterá os juros em quase zero até o final de 2021.
É difícil ver qual resposta no momento acalmaria os mercados e restauraria a confiança. Mas, em algum momento, o presidente do Fed, Jerome Powell, terá que oferecer uma estratégia, disse Roberto Perli, sócio da Cornerstone Macro, em Washington.
©2020 Bloomberg L.P.
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