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Ações da América Latina podem ter pior desempenho de emergentes

Sydney Maki

23/03/2020 13h44

(Bloomberg) -- Ações da América Latina podem ser as maiores perdedoras de uma onda vendedora global, já que o Covid-19 derruba expectativas de crescimento em vários países.

As estimativas de lucro para empresas latino-americanas caem mais rapidamente do que as projeções para mercados emergentes na Ásia ou Europa, de acordo com análise dos índices MSCI. A região pode ser atingida com força, já que o Covid-19 reduz as perspectivas de crescimento, atrasa decisões de negócio e agrava problemas locais, disse Luiz Ribeiro, responsável de renda variável para América Latina da DWS.

Em entrevista, Ribeiro destacou que a correção tem sido dura na América Latina. Na Ásia, segundo ele, os países foram rápidos em responder ao vírus e não se sabe a rapidez da resposta na América Latina.

O vírus castiga os mercados financeiros globais com a explosão de casos. Empresas de países emergentes e desenvolvidos enfrentam a interrupção das cadeias de suprimentos e quarentenas das forças de trabalho, entre outras incertezas. Muitos líderes corporativos têm pouca opção a não ser esperar.

As estimativas de lucro para empresas latino-americanas caíram 21% desde o início de 2020, enquanto projeções para Ásia e EMEA diminuíram 3,7% e 15% respectivamente no mesmo período, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os índices de ações MSCI para as três regiões se desvalorizaram pelo menos 25% neste ano. O índice acionário da América Latina lidera a queda, com baixa de quase 51% em dólares.

No Brasil, as estimativas caíram 26% em dólares, já que as reformas do governo devem ser atrasadas por causa do vírus. O índice também tem o pior desempenho em moeda local, sugerindo que a incerteza vai além da alta do dólar em relação ao real.

O Ibovespa tem performance inferior a todos índices latino-americanos neste ano, exceto pelas ações da Colômbia. Tais perdas acionaram seis circuit breakers em pouco mais de duas semanas.

A região também enfrenta pressão devido à queda dos preços do petróleo, o que levou as moedas do México e da Colômbia a mínimas históricas. As estimativas de lucro para os índices de ações desses países caíram cerca de 20% neste ano.

As expectativas de lucro para o índice Merval da Argentina caíram 7,2% neste ano em dólares, enquanto o país tenta renegociar bilhões da dívida externa. O país também impôs um bloqueio para conter a doença.

"A questão não é se a economia global está em recessão", disse Ribeiro, da DWS. "A questão é realmente quão profunda vai ser essa recessão e quanto tempo vai durar. Essa também é a questão para a América Latina."

©2020 Bloomberg L.P.