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Com novas medidas de segurança, passageiros devem ter voos ainda mais tediosos

20 fev. 2020 - Trabalhador checa temperatura de passageira no Aeroporto Internacional de Hong Kong - May James/LightRocket via Getty Images
20 fev. 2020 - Trabalhador checa temperatura de passageira no Aeroporto Internacional de Hong Kong Imagem: May James/LightRocket via Getty Images

Christopher Jasper, Richard Weiss e Tara Patel

Da Bloomberg

15/05/2020 14h51

Faz tempo que viajar de avião está longe de ser divertido. Agora que companhias aéreas começam a retomar os voos após as medidas de confinamento, passageiros podem esperar uma experiência ainda mais desagradável, com novos pontos de medição de temperatura, filas que chegam até o estacionamento para manter o distanciamento entre as pessoas e divisórias de acrílico que isolam balconistas, baristas e outros funcionários.

Máscaras e luvas serão norma, dispensadores de álcool gel estarão por toda parte e, embora o plano seja automatizar muitos processos para minimizar a interação humana, autoridades do setor preveem que os tempos de viagem terão que aumentar para acomodar as precauções de higiene.

"Passar por um aeroporto, por toda a experiência de viagem, será tão agradável quanto uma cirurgia do coração", diz Paul Griffiths, diretor-presidente da Dubai Airports, cujos funcionários usam batas descartáveis e viseiras de segurança que não pareceriam estranhas em uma ala de pacientes com covid-19.

Enquanto governos elaboram planos para que o mundo possa voltar a voar, propostas destinadas a manter passageiros seguros são muitas vezes confusas e contraditórias. Por exemplo, impedir que as pessoas se sentem próximas no portão de embarque, mas que possam estar amontoadas por seis ou oito horas durante um voo. E, se implementadas a longo prazo, executivos dizem que podem causar quase tanto dano aos lucros das companhias aéreas e aeroportos quanto se permanecessem completamente fechados.

Manter 400 pessoas a dois metros de distância "significa uma fila de quase um quilômetro, que preenche a sala de embarque e vai até o estacionamento", diz John Holland-Kaye, CEO do Aeroporto de Heathrow de Londres. O cumprimento da regra de dois metros pode reduzir a capacidade do aeroporto para 20% do nível habitual, diz. "Isso não é algo que podemos continuar fazendo até que uma vacina chegue."

Por isso, Holland-Kaye diz que seria melhor que aeroportos rastreassem passageiros possivelmente infectados com o covid-19 na entrada do terminal. Heathrow, o aeroporto mais movimentado da Europa, está testando um sistema de detecção térmica destinado a identificar pessoas com o vírus, tecnologia usada na Ásia há anos. O governo do Reino Unido, no entanto, ainda não endossou o projeto.

O que não é viável, dizem companhias aéreas, é bloquear fileiras de assentos a bordo de aeronaves para manter o distanciamento a 38 mil pés. Tal medida não seria tão eficaz para conter o vírus e, ao mesmo tempo, afetaria os lucros das aéreas, afirma a Associação Internacional de Transporte Aéreo. Com as fileiras do meio removidas, jatos de corredor único teriam que voar com capacidade de até dois terços do total, enquanto 70% são necessários apenas para conseguir o ponto de equilíbrio, de acordo com a associação.

O distanciamento acontecerá de qualquer maneira, diz Jozsef Varadi, diretor-presidente da aérea de baixo custo Wizz Air, porque poucas pessoas provavelmente conseguirão assentos quando as companhias começarem a expandir os voos novamente. Ele diz que não tem planos de limitar o número de passageiros. Alguns, no entanto, já reclamam que os aviões estão muito cheios.