China globaliza a censura e bloqueia sites em celulares do país no exterior
Adrià Calatayud.
Pequim, 3 dez (EFE).- Apesar de as autoridades chinesas recorrerem ao argumento da soberania para controlar a internet, a censura aplicada contra sites não aprovados pelo governo ultrapassam as fronteiras através do WeChat, o aplicativo para celular mais popular do país, revelou um estudo divulgado nesta semana.
Pequim globaliza as restrições por meio de sua maior rede social, justo quando o Facebook, que lidera o segmento, parece ter desenvolvido uma ferramenta para filtrar os conteúdos de acordo com o regime comunista, com o objetivo de conseguir o esperado acesso ao país mais populoso do mundo.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Toronto demostrou que usuários do WeChat registrado com um número de telefone chinês seguem sob efeitos dos protocolos de bloqueio de mensagens da plataforma, inclusive quando estão no exterior.
A conclusão choca com a noção de "soberania de internet" que vem sido defendida pela China nos últimos anos, já que Pequim considera que pode estabelecer fronteiras no ciberespaço e que cada país tem o direito de atuar como quiser dentro de seu próprio território.
A ideia foi reforçada na lei de cibersegurança aprovada no mês passado e também defendida pelo presidente do país, Xi Jinping, ao inaugurar recentemente a III Conferência Mundial da Internet que foi realizada na cidade de Wuzhen.
O estudo da Universidade de Toronto, analisou o pesquisador da Anistia Internacional, Patrick Poon, coloca em dúvida o que significa na realidade o conceito de soberania usado pela China.
"Se o WeChat pode censurar conteúdo de usuários chineses quando vão para o exterior, isso, na realidade, sugere que a censura da China vai além de suas fronteiras", indica o pesquisador.
"O conceito de 'soberania de internet' de Xi Jinping simplesmente trata de legitimar a prática de censura da China nos termos determinados por eles", completa Poon.
O WeChat é um aplicativo para smartphones difícil de definir, que reúne ao mesmo tempo uma ferramenta de mensagens instantâneas parecida com o WhatsApp, uma rede social similar ao Instagram, uma plataforma de pagamentos que concorre com o Alipay e um serviço no qual milhares de empresas se conectam a 806 milhões de usuários.
Além disso, é também um negócio muito rentável. A Tencent, empresa chinesa que o criou, se transformou neste ano na companhia com maior valor nas bolsas de valores asiáticas.
"A Tencent respeita e cumpre as leis e regulações dos países onde opera para proporcionar um ecossistema comunicativo, seguro e confiável para nossos usuários", afirmou a companhia, em comunicado enviado à Agência Efe, após a publicação do estudo.
Na pesquisa, os autores afirmam que "possuir um aplicativo de chat na China requer seguir as leis e regulações de controle e monitoramento". Isso significa bloquear conteúdos que questione valores essenciais do regime comunista, como as referências ao massacre da Praça da Paz Celestial e o grupo religioso Falun Gong.
Por não se adequarem a essas normas, redes sociais multicionais como o Facebook, o Twitter e o YouTube são vetados na China e só podem ser acessados por servidores externos - também proibidos. Há outras, porém, que cumprem as normas determinadas, como o Linkedin.
O Facebook está há anos fazendo gestos para o governo chinês para ter acesso ao mercado do país. Recentemente, o jornal "The New York Times" informou que a empresa tinha desenvolvido um software para censurar posts dos usuários antes de serem publicados para cumprir com a legislação adotada pelo partido comunista.
"Durante muito tempo dissemos que estamos interessados na China. Estamos investindo tempo para entender e aprender mais sobre esse país", indicou o Facebook em comunicado enviado à Efe.
O país, com 710 milhões de internautas segundo os últimos dados oficiais, é um mercado muito atrativo para as empresas tecnológicas, mas o cumprimento da censura limita a atuação dessas companhias.
"Se o Facebook quer entrar no mercado da China dessa forma, se transformará em aliado do governo para minar a liberdade de expressão dos internautas chinesas", disse o pesquisador da Anistia Internacional.
Pequim, 3 dez (EFE).- Apesar de as autoridades chinesas recorrerem ao argumento da soberania para controlar a internet, a censura aplicada contra sites não aprovados pelo governo ultrapassam as fronteiras através do WeChat, o aplicativo para celular mais popular do país, revelou um estudo divulgado nesta semana.
Pequim globaliza as restrições por meio de sua maior rede social, justo quando o Facebook, que lidera o segmento, parece ter desenvolvido uma ferramenta para filtrar os conteúdos de acordo com o regime comunista, com o objetivo de conseguir o esperado acesso ao país mais populoso do mundo.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Toronto demostrou que usuários do WeChat registrado com um número de telefone chinês seguem sob efeitos dos protocolos de bloqueio de mensagens da plataforma, inclusive quando estão no exterior.
A conclusão choca com a noção de "soberania de internet" que vem sido defendida pela China nos últimos anos, já que Pequim considera que pode estabelecer fronteiras no ciberespaço e que cada país tem o direito de atuar como quiser dentro de seu próprio território.
A ideia foi reforçada na lei de cibersegurança aprovada no mês passado e também defendida pelo presidente do país, Xi Jinping, ao inaugurar recentemente a III Conferência Mundial da Internet que foi realizada na cidade de Wuzhen.
O estudo da Universidade de Toronto, analisou o pesquisador da Anistia Internacional, Patrick Poon, coloca em dúvida o que significa na realidade o conceito de soberania usado pela China.
"Se o WeChat pode censurar conteúdo de usuários chineses quando vão para o exterior, isso, na realidade, sugere que a censura da China vai além de suas fronteiras", indica o pesquisador.
"O conceito de 'soberania de internet' de Xi Jinping simplesmente trata de legitimar a prática de censura da China nos termos determinados por eles", completa Poon.
O WeChat é um aplicativo para smartphones difícil de definir, que reúne ao mesmo tempo uma ferramenta de mensagens instantâneas parecida com o WhatsApp, uma rede social similar ao Instagram, uma plataforma de pagamentos que concorre com o Alipay e um serviço no qual milhares de empresas se conectam a 806 milhões de usuários.
Além disso, é também um negócio muito rentável. A Tencent, empresa chinesa que o criou, se transformou neste ano na companhia com maior valor nas bolsas de valores asiáticas.
"A Tencent respeita e cumpre as leis e regulações dos países onde opera para proporcionar um ecossistema comunicativo, seguro e confiável para nossos usuários", afirmou a companhia, em comunicado enviado à Agência Efe, após a publicação do estudo.
Na pesquisa, os autores afirmam que "possuir um aplicativo de chat na China requer seguir as leis e regulações de controle e monitoramento". Isso significa bloquear conteúdos que questione valores essenciais do regime comunista, como as referências ao massacre da Praça da Paz Celestial e o grupo religioso Falun Gong.
Por não se adequarem a essas normas, redes sociais multicionais como o Facebook, o Twitter e o YouTube são vetados na China e só podem ser acessados por servidores externos - também proibidos. Há outras, porém, que cumprem as normas determinadas, como o Linkedin.
O Facebook está há anos fazendo gestos para o governo chinês para ter acesso ao mercado do país. Recentemente, o jornal "The New York Times" informou que a empresa tinha desenvolvido um software para censurar posts dos usuários antes de serem publicados para cumprir com a legislação adotada pelo partido comunista.
"Durante muito tempo dissemos que estamos interessados na China. Estamos investindo tempo para entender e aprender mais sobre esse país", indicou o Facebook em comunicado enviado à Efe.
O país, com 710 milhões de internautas segundo os últimos dados oficiais, é um mercado muito atrativo para as empresas tecnológicas, mas o cumprimento da censura limita a atuação dessas companhias.
"Se o Facebook quer entrar no mercado da China dessa forma, se transformará em aliado do governo para minar a liberdade de expressão dos internautas chinesas", disse o pesquisador da Anistia Internacional.
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