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Cisco alerta sobre preocupante falta de profissionais no setor de tecnologia

07/11/2017 22h53

Alejandro Rincón Moreno.

Cancún (México), 7 nov (EFE).- A lacuna entre o crescente número de empregos na indústria da tecnologia e os profissionais capacitados para desempenhá-los aumenta de forma preocupante, alertou nesta terça-feira a Cisco, que calcula que 450 mil postos de trabalho ficarão sem ser preenchidos em 2019.

"O que vemos agora é que há um sério problema: há muitas oportunidades, mas não existe o número de pessoas com essas habilidades digitas", explicou em entrevista à Agência Efe a vice-presidente de Assuntos Corporativos da Cisco, Laura Quintana, durante a Cisco Live!, evento promovido pela empresa em Cancún.

Para a executiva, a indústria está passando por um "boom" de vagas, geradas principalmente pelo aumento dos dados fornecidos pelo alto número de dispositivos conectados, que, segundo as estimativas da Cisco, chegarão a 50 bilhões em 2025.

Essa situação fez com que as empresas do setor tenham a necessidade de ampliar seu número de funcionários, colocando-as em uma situação difícil por não encontrar pessoas capacitadas para exercer essas funções. A situação pode piorar porque os avanços tecnológicos vão criar cargos que hoje sequer existem.

"Nessa questão de passar para a economia digital, precisamos de capacitação. Isso pode ser feito através de investimento em incubadoras, aceleradoras e em centros de inovação", explicou.

A executiva classificou esse tema como um dos "quatro pilares fundamentais" para a digitalização dos países. O problema, para Quintana, deve ser resolvido com iniciativas público-privadas porque nem as empresas nem as universidades serão capazes de enfrentar o desafio de forma isolada.

"É preciso construir a força de trabalho que suporte toda a indústria. Às vezes você acredita que não se quer pensar nisso, mas tem se tornado um problema. Sem ter o capital humano não vai ser possível alavancar a tecnologia", disse.

Ao fazer um panorama da lacuna, que afeta principalmente a Europa e a Ásia, a executiva ressaltou o caso da América Latina, uma região que, segundo a Cisco, gera as "maiores oportunidades do mundo" para fornecer profissionais de qualidade às empresas.

Citando um estudo da Gartner contratado pela Cisco, Quintana também falou sobre o impacto que essa oportunidade pode ter para a região em termos de geração de empregos e expansão da Economia. Segundo ela, essa tendência pode fazer a América Latina ter 770 mil postos de trabalho em tecnologia nos próximos anos.

A executiva destacou o caso da Cisco Networking Academy, o segmento educativo da empresa que acaba de completar 25 anos e que já capacitou quase 8 milhões de pessoas no mundo. Do total, 1,6 milhão foi na América Latina, a região que mais participa da ação.

Dentro dessa iniciativa, Quintana destacou o desenvolvimento de aplicativos, a análise de negócios, o uso de dispositivos, a segurança digital e a privacidade nas redes como as capacidades mais demandadas pelo mercado de trabalho.

"Não imaginamos só a oportunidade, mas também a complexidade. Temos que continuar aprendendo sempre porque sabemos que as coisas estão mudando muito rápido nessa quarta revolução industrial", ressaltou.

Por países, a executiva destacou as participações de Peru, México, Brasil e Chile nas academias das Ciscos, que oferecem programas gratuitos e em 20 idiomas sobre redes, segurança, internet das coisas, programação, Linux e conceitos básicos de tecnologia.

"Não há países que simplesmente não querem participar disso ou não veem a importância de investir na educação digital. O que é preciso vencer são os fatores externos, como a falta de financiamento ou a qualidade da educação", destacou.

"A oportunidade está ao alcance, mas é preciso aproveitá-la para vencer essa brecha", concluiu.