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Metalúrgicas sobem em Wall Street enquanto seus clientes operam em baixa

02/03/2018 17h33

Nova York, 2 mar (EFE).- A Bolsa de Nova York ainda reagia nesta sexta-feira ao anúncio de ontem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá impor novas tarifas sobre as importações de alumínio e aço, que trouxe preocupação aos mercados que temem que tais medidas protecionistas possam levar a uma guerra comercial.

O anúncio das tarifas, de 25% para o aço e 10% para o alumínio, beneficiou os produtores desses metais na Bolsa, mas derrubou seus clientes, como as companhias automotivas e de construção.

Com a exceção da O.S. Steel Corp, uma das metalúrgicas mais conhecidas, que ontem subiu mais de 8% e hoje retrocedia por volta de 1%, foram observados avanços moderados na metade do pregão entre produtoras como AK Steel Holding (1,95%), Commercial Metals (1,65%), Alcoa Corp (1,86%)e Century Aluminium (4,25%).

Outras empresas de alumínio, como a Century, comunicaram que aumentarão sua produção por causa da medida, que deverá elevar os preços dos materiais.

No caso do aço nacional isso também deve acontecer, depois que as importações ganharam terreno em relação aos produtores americanos durante anos e obrigaram eles a reduzir seus preços e a fechar instalações.

Em Wall Street, não obstante, as companhias metalúrgicas viram seus lucros desacelerarem em comparação com ontem, e os analistas indicaram que as expectativas dos investidores sobre as tarifas alfandegárias são altas "demais", já que as receitas de aço e alumínio representam em torno de 2% do total de bens importados no país.

"As novas tarifas dariam um impulso no curto prazo aos produtores americanos de aço, já que uma demanda doméstica mais forte sustentará preços mais altos para o aço", indicou o analista Atsi Sheth, da agência Moody's, em comunicado.

Quanto à indústria do alumínio, Sheth opinou que o impacto da medida terá efeitos diversos: "favorável para os produtores primários, mas negativo para fabricantes, que enfrentarão custos mais altos para as matérias-primas ".

Nesse sentido, algumas companhias industriais que utilizam aço e alumínio como matérias-primas geraram dúvidas nos mercados, pois terão custos mais altos para seus insumos que, ou serão assumidos pela empresa, ou pelos consumidores.

É o caso das companhias do setor aeroespacial Boeing (-1,90%) e United Technologies (-0,55%); de maquinaria pesada, Caterpillar (-2,13%); e automotivas, entre elas o 'Big Three' de Detroit: General Motors (-1,27%), Fiat Chrysler (-3,21%) e Ford (+0,44).

A General Motors afirmou em comunicado que 90% do aço que ela compra para sua produção nos EUA procede de fornecedores domésticos, mas a Associação Americana Internacional de Distribuidores de Automóveis avaliou que a medida, ainda assim, terá consequências no setor.

As tarifas propostas "não poderiam chegar em um pior momento", disse à emissora "CNBC" o principal responsável da organização, Cody Lusk, porque as vendas de veículos caíram nos últimos meses "e os fabricantes não estão preparados para absorver um aumento agudo" no custo de produção de carros e caminhões nos EUA.