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Governo argentino anuncia medidas para alcançar "equilíbrio fiscal" em 2019

03/09/2018 16h23

Buenos Aires, 3 set (EFE).- O ministro de Economia da Argentina, Nicolas Dujovne anunciou uma nova política econômica para alcançar o "equilíbrio fiscal" em 2019, com mais ajustes nos gastos públicos, o "único caminho real para o desenvolvimento", assim como um novo imposto sobre as exportações.

"Vamos poupar US$ 6 bilhões mais que não precisaremos financiar nos mercados e, em 2020, teremos superávit fiscal primário de 1% do Produto Interno Bruto, algo que permitirá poupar US$ 5,2 bilhões", disse Dujovne logo após uma mensagem do presidente argentino, Mauricio Macri, na qual ele antecipou as medidas.

O ministro da Economia detalhou um novo imposto generalizado sobre as exportações, que será "transitório", sendo aplicado em 2019 e 2020, e que será de quatro pesos por cada dólar exportado em atividades e serviços primários e três pesos por dólar para o restante da exportações.

Com o tributo, que o presidente qualificou como "muito ruim", mas necessário, o governo pretende reduzir o déficit em 1,1% e aumentar a receita adicional para US$ 68 bilhões em 2018 e US$ 280 bilhões em 2019.

"Reduzindo o déficit, reduzimos nossa necessidade de emissão de dívida e, dessa maneira, dependemos menos do que acontece no resto do mundo", declarou Dujovne, que reconheceu os "erros" do Executivo, mas reafirmou seu apoio ao presidente.

O ministro também confirmou que hoje vai viajar a Washington para renegociar o acordo alcançado pela Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em junho e "mudar os desembolsos que foram programados para 2020 e 2021".

"Queremos esclarecer quaisquer dúvidas sobre a Argentina em 2019. Com a combinação de um déficit menor e maior financiamento, estaremos totalmente protegidos diante de uma mudança nas condições internacionais", explicou.

Questionado sobre as negociações com o FMI, Dujovne não quis dar números de crédito antecipadamente para discutir com representantes da instituição, mas disse que pretende ser "o suficiente para que não haja nenhuma dúvida sobre o crescimento".

"É crucial que o risco-país diminua", ressaltou o ministro, após prever que "a recessão deste ano será mais pronunciada" do que eles pensavam.

Esse plano de contenção é divulgado uma semana depois de a moeda do país cair 21% em relação ao dólar e acumular um colapso de 34% em agosto e 98% no ano.

Durante o final de semana, Macri realizou longas reuniões com sua equipe e decidiu reduzir os ministérios de 19 para 10, assim como uma série de medidas em conjunto para alcançar o chamado "equilíbrio fiscal", entre elas a redefinição das metas fiscais do governo.

Até agora, o objetivo do déficit primário para 2019 foi -1,3%, enquanto que a partir de agora se torna 0,0%, poupando US$ 6 bilhões, de acordo com o ministro.

Esse equilíbrio foi planejado para 2020, um ano em que, se forem compridas as novas metas, haverá um superávit fiscal primário de 1%, o que permitiria poupar US$ 5,2 bilhões.

"Temos de enfrentar esta situação e superá-la. A Argentina arrasta há 70 anos um déficit fiscal crônico que levou ao isolamento e à inflação, que devemos deixar definitivamente", frisou Dujovne.

Nesse sentido, Dujovne disse que toma as medidas que considera "melhores" para os argentinos, embora haja pessoas que pensam que são "um grupo de sádicos que querem fazer experimentos".