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Capital do açafrão no Irã olha além das colheitas

17/11/2018 06h02

Marina Villén.

Torbat-e Heydarieh (Irã), 17 nov (EFE).- Um manto de flores roxas rodeia a cidade de Torbat-e Heydarieh, considerada a capital do açafrão no Irã e no mundo. Os agricultores que se dedicam à colheita agora querem obter outros benefícios com o "ouro vermelho".

Com cerca de 9 mil hectares de cultivos de açafrão, a vida em Torbat-e Heydarieh, na província nordeste de Khorasan, gira em torno desta especiaria, da qual é o principal produtor em nível mundial.

"Anualmente são colhidas entre 35 e 40 toneladas de açafrão seco e a cada dia cerca de 18 mil pessoas trabalham na semeadura, colheita e outras fases da produção", explicou à Agência Efe o governador da cidade, Ali Rostami.

Granjas, lojas de venda de açafrão e um bazar centrado exclusivamente em suas flores são os negócios que prosperam nesta cidade, mas as autoridades têm atenção voltada para um negócio maior.

Segundo Rostami, além de cuidar da produção, estão trabalhando para que o "processo de açafrão como um todo, desde a embalagem até a etapa de exportação" seja realizado na área, para a qual diferentes empresas e cooperativas foram criadas.

"Com a ajuda de nosso centro de pesquisa, tentamos dar passos positivos tanto em relação ao modo da colheita como no campo do processamento do açafrão", afirmou o governador.

Até dois ou três anos atrás, a indústria local não tinha preparos e só produzia a granel. Assim vendiam, e alguns continuam vendendo, a países como Espanha, que empacotavam e exportavam sob sua própria marca.

O Irã é responsável por 92% da produção mundial de açafrão, com um total de 336 toneladas no ano passado, 75% das quais estão destinadas à exportação, segundo dados recentes do Conselho Nacional do Açafrão do país.

O ouro vermelho é um símbolo do país e uma importante fonte de renda, e é cultivado principalmente em Khorasan e nas províncias de Fars e Kerman, no sul, com um clima propício para esta planta.

A temperatura ambiental moderada e o tipo de água doce da região são duas caraterísticas destacadas de Torbat-e Heydarieh, assim como a sua altitude de 1.470 metros sobre o nível do mar, que favorece a produção e qualidade da planta, explicou à Agência Efe o agricultor Manouchehr Maleki.

Este veterano agricultor, proprietário de um sítio de 90 hectares, detalhou que primeiro analisam a terra em um laboratório e jogam adubo verde. Depois, os bulbos do açafrão são semeados a uma distância de cerca de 15 centímetros, o que permite plantar nove toneladas em cada hectare.

Dependendo do tipo de semeadura, o sítio pode cultivar entre 5 e 8 anos e, depois, é preciso deixar descansar o terreno durante "o dobro ou triplo de tempo", segundo Maleki.

Em seu sítio, centenas de pessoas percorriam de cócoras o campo recolhendo com cuidado as flores do açafrão, que colocavam em caixas para sua posterior transferência aos lugares nos quais são separados os prezados fios vermelhos do seu interior.

Maleki produz também açafrão orgânico, destinado unicamente à Espanha, e vende parte de seu produto em uma bolsa de valores iniciada há dois anos com a participação de aproximadamente 30 mil agricultores.

O dinheiro da venda na bolsa do açafrão vai diretamente para a conta do agricultor e permitiu fixar o preço do 'ouro vermelho' que, anteriormente, na época da colheita, sofria grandes oscilações.

Na opinião do governador de Torbat-e Heydarieh, a formação de uma bolsa de valores para o açafrão determinou os preços e deu "um bom impulso à indústria regional, beneficiando ao agricultor".

No entanto, não é suficiente, e atualmente menos de 10% do valor de venda volta para a capital do açafrão. Por isso, Rostami expressou sua esperança de que "chegue o dia no qual todos os lucros derivados deste produto estratégico e escasso no mundo retornem para os agricultores".