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Crescimento da economia mundial alcançou seu máximo, diz OCDE

21/11/2018 09h55

Paris, 21 nov (EFE).- A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) advertiu nesta quarta-feira que a economia mundial alcançou seu ápice em 2018 e iniciará no ano que vem uma desaceleração por consequência das tensões comerciais, das condições financeiras mais rígidas e pelo aumento do preço do petróleo.

O panorama apresentado pela OCDE em seu relatório semestral situa em 3,7% o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2018, o mesmo percentual de sua análise interina de setembro, e com uma redução de dois décimos para 2019, para 3,5%, o mesmo índice previsto para 2020.

A organização admite em suas perspectivas que, embora as condições do mercado de trabalho continuem melhorando, "com a taxa de desemprego nos países da OCDE agora em seu nível mais baixo desde 1980", o crescimento do investimento e do comércio foi mais brando que o esperado e a confiança não decola.

A economista-chefe da organização, a francesa Laurence Boone, assinalou que a tensão comercial aumentou a incerteza para os negócios, sobretudo em zonas estreitamente vinculadas a Estados Unidos e China, e alertou também para o aumento da incerteza política e geopolítica na Europa, fruto do Brexit, no Oriente Médio e na Venezuela.

China e Estados Unidos, que protagonizam uma intensa guerra comercial, também não escapam das perspectivas negativas apresentadas pela OCDE.

A organização prevê que o crescimento do PIB do país asiático ficará em torno de 6,6% em 2018 e de 6,3% em 2019, um décimo a menos que as estimativas apresentadas em setembro em ambos os casos, enquanto a economia americana crescerá 2,9% neste ano e 2,7% no próximo, índices que não variaram em relação a setembro.

Já para 2020, o crescimento de China e de Estados Unidos cai para 6% e 2,1%, respectivamente.

Preparar a "aterrissagem suave" da economia nesta conjuntura internacional é necessário, mas especialmente complicado, segundo Boone.

A OCDE, que tem sua sede em Paris, acrescentou que o aumento e a maior volatilidade dos preços do petróleo neste ano, que subiram 30%, se somam aos desafios existentes para os importadores de petróleo e apresentam um risco inflacionário.

As projeções da organização sugerem que a crise financeira global, que este ano completa seu décimo aniversário, segue tendo um efeito adverso nas condições de vida em muitas economias e, especialmente, nas famílias de baixa renda, apesar das políticas aplicadas para diminui-la.

A OCDE, que também é chamada de "clube dos países ricos", constata em seu relatório que, apesar das reformas recentes terem tornado o sistema bancário mais resiliente, alguns riscos foram transferidos para instituições financeiras não bancárias. Os fundos de pensões, que ela cita como exemplo, têm se tornado mais vulneráveis aos aumentos nas taxas de juros.

A organização também chama a atenção de que na zona do euro, para a qual prevê um crescimento de 1,9% este ano e de 1,8% em 2019, existe a percepção de um escasso progresso nas condições necessárias para uma forte resiliência financeira.

Embora a OCDE espere que os salários reais em suas economias cresçam 0,8% de média em estimativa anual em 2019 e 2020, dois décimos a mais que em 2017 e 2018, a organização adverte para o risco que esse aumento, em caso de ser maior que o previsto, acrescente tensões inflacionários.

Sua avaliação acrescenta que a grave crise financeira vivida por Argentina e Turquia não necessariamente contribui para um risco sistêmico para a economia global.

Entre suas recomendações gerais, a organização considera "vital" não repetir erros como a introdução de medidas que contenham as importações e destaca que as políticas macroeconômicas devem minimizar a acumulação de vulnerabilidades financeiras e garantir margem de manobra em caso de futuros revezes.

Cumprida essa hipótese, os governos deveriam potencializar taxas de juros baixas para coordenar um estímulo fiscal, segundo a economista-chefe da OCDE. No caso da UE, Boone também pede que seja concluída com urgência a união bancária e que se chegue a um acordo com o Reino Unido que mantenha a relação "mais próxima possível" entre as partes.