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América Latina mantém estagnação econômica em 2018; EUA crescem com Trump

19/12/2018 22h09

Diana Marcela Tinjacá.

Bogotá, 19 dez (EFE).- A esperada recuperação econômica da América Latina foi frustrada em 2018, um ano de recessão especialmente para Argentina, Nicarágua e Venezuela, enquanto nos Estados Unidos o governo do presidente Donald Trump ostentou um sólido avanço.

Após uma previsão inicial de crescimento de 2% para 2018, o mais alto desde 2013, as expectativas para a América Latina foram caindo até chegar a 1,2%, um décimo a menos do que no ano passado.

A estagnação se deveu ao contexto interno em um ano de diversas eleições, à situação na Argentina, às dúvidas sobre o futuro do Brasil, aos altos e baixos nos preços das matérias-primas, à desaceleração da economia da China e à guerra comercial entre o gigante asiático e os EUA.

"Muitos esperavam um comportamento melhor em 2018. No entanto, isso mudou", disse à Agência Efe o panamenho Carlos Eduardo Troetsch Saval, novo presidente da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban).

"Os temores de uma guerra comercial (China-EUA) afetaram os mercados financeiros" e "enfraqueceram as moedas de muitos mercados emergentes", acrescentou Saval, ressaltando que a alta das taxas de juros nos EUA trouxe turbulências em países emergentes como a Turquia e a Argentina, gerando volatilidade cambial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que neste ano foi observado um comportamento muito antagônico, com crescimentos notáveis na República Dominicana (6,4%), Panamá (4,6%) e Paraguai (4,4%).

No outro extremo ficaram Venezuela, com uma contração estimada entre 15% e 18% e uma inflação próxima de 2.500.000%; Dominica (-14,1%), que ainda sofre os efeitos dos furacões do ano passado; e Nicarágua (-4%), que cresceu 4,9% em 2017, mas caiu após a crise política que explodiu em abril.

Outro país com número negativo expressivo foi a Argentina, cuja economia derreterá 2,6% devido ao período de instabilidade financeira que levou o governo a firmar um acordo milionário de assistência com o FMI, sob o qual se comprometeu a realizar um forte ajuste fiscal.

A redução das expectativas se estendeu ao Uruguai (2%) e ao Equador, que passará de um avanço de 2,4% em 2017 para 1% neste ano, diante do vento contrário representado pela consolidação fiscal.

O Brasil, maior economia regional e cuja projeção de crescimento foi rebaixada para 1,4% para 2018, viveu um ano de incerteza política que culminou com a eleição de Jair Bolsonaro.

O México, com um crescimento previsto de 2,1%, também mostra uma estagnação em meio a dúvidas em relação ao novo governo, presidido pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, apesar de a incerteza comercial diminuir após a assinatura de um novo acordo com Canadá e EUA, conhecido como T-MEC, para suceder o Nafta.

No entanto, "há uma percepção de uma deterioração na política fiscal, em um momento de alta inflação e uma política monetária restritiva", explicou à Efe Luiz Eduardo Peixoto, economista do BNP Paribas para a América Latina.

Já a Colômbia foi um dos poucos países onde as previsões melhoraram, para 2,7%, após a vitória nas eleições presidenciais do direitista Iván Duque.

Apesar da situação, "o comércio intraregional continuará crescendo durante 2018", disse à Efe o secretário-geral da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), Alejandro de la Peña Navarrete, ao apontar que a expectativa é de que as exportações dentro da região aumentem 13,2% em relação a 2017, superando as exportações para outros continentes (+10,6%).

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o FMI calculam que a América do Sul crescerá 0,7% neste ano, especialmente graças a Bolívia (4,3%), Chile e Peru (4%, cada).

Na América Central, a previsão de crescimento e de 2,8%, 5 décimos abaixo do que foi calculado inicialmente; e no Caribe a atividade continua se recuperando diante do aumento do turismo graças ao sólido crescimento dos EUA

Sobre os EUA, mantêm-se a projeção de crescimento de 2,9% em 2018, após os 2,2% de 2017, mas analistas acreditam que o número será mais enxuto em 2019, quando começarem a serem sentidos os efeitos da guerra comercial com a China. EFE