China responde aos EUA com aumento de tarifas sobre produtos americanos
Jesús Centeno.
Pequim, 13 mai (EFE).- O governo da China anunciou nesta segunda-feira que, a partir do dia 1º de junho, sobretaxará US$ 60 bilhões de produtos importados dos Estados Unidos em resposta à última medida protecionista adotada pelo presidente Donald Trump.
Com a decisão, um novo capítulo na guerra comercial entre os dois países, a China responde ao último aumento de tarifas ordenado por Trump na sexta-feira passada, que afetará as importações de cerca de US$ 200 bilhões em produtos chineses.
O Ministério de Finanças da China anunciou em breve comunicado que o país espera, apesar da medida, que as partes "possam voltar a se sentar na mesa de negociações, trabalhar juntos e encontrar um meio-termo baseado no respeito mútuo e na igualdade".
O governo da China também informou que sobretaxará 5.140 produtos americanos, entre eles o gás natural liquefeito, em 15%, 20% e 25%.
A China já havia anunciado na sexta-feira que seria obrigada a tomar "contramedidas" diante da última alta americana. O Ministério das Finanças classifica a medida como "uma resposta ao unilateralismo e ao protecionismo comercial".
Na Rússia, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, alertou nesta segunda-feira para os efeitos nocivos de exercer pressão sobre Pequim e ressaltou que as tentativas de pressão da China só exacerbarão as negociações em torno do acordo comercial.
No entanto, o chanceler ressaltou que as negociações entre China e EUA tiveram um progresso sério e significativo graças aos esforços de ambas partes.
"Há problemas difíceis que requerem um estudo sério e a tomada de decisões", disse Wang após uma reunião com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em Sochi.
Falta saber se essas dificuldades significam que a China se negou a cumprir os requisitos da Casa Branca, que pede mecanismos legislativos para proteger a propriedade intelectual das empresas americanas e um mecanismo de penalizações que assegure o cumprimento dos compromissos firmados no acordo.
"Em tais circunstâncias, simplesmente não faz sentido culpar a outra parte de maneira unilateral e, além disso, transferir a responsabilidade aos demais", comentou o ministro chinês.
A medida não foi surpreendente para acadêmicos e analistas, que consideram que, apesar de tudo, tanto o presidente Xi Jinping como Trump estão condenados a se entender.
"Xi terá que firmar compromissos com os EUA nos próximos meses. Espero um acordo, se não completo, pelo menos parcial, que permita que as duas partes sigam com o comércio e deixem de lado este tipo de tarifas punitivas", afirmou Jean-Pierre Cabestan, professor de Relações Internacionais na Universidade Batista de Hong Kong.
"Ainda há espaço para a negociação. Claro que os atritos continuarão, não tenho dúvidas sobre isso. Mas esperamos o melhor pelo bem de todos enquanto nos preparamos pelo pior", comenta Rea Xiao, professor de Política Internacional da Universidade Fudan.
As negociações para chegar a um acordo esfriaram na sexta-feira, depois que Trump começou a aplicar um aumento de 10% para 25% nas tarifas de produtos importados da China, rompendo uma trégua de mais de seis meses na guerra comercial.
Trump retomava assim o seu plano original de aumentar a carga das tarifas contra esses produtos chineses, as quais decidiu congelar em dezembro do ano passado para abrir uma negociação com a China que, apesar de tudo, segue em andamento.
Segundo anunciou no domingo o vice primeiro-ministro da China, Liu He, após retornar de Washington para participar da última rodada de conversas, as negociações para enterrar a guerra comercial "não colapsaram" e continuarão em breve em Pequim.
"Somos cautelosamente otimistas sobre o futuro", disse Liu, que descreveu as últimas reuniões na capital americana como "francas e construtivas". EFE
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