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Principal central sindical da Argentina convoca greve geral para fim de maio

14/05/2019 19h55

Buenos Aires, 14 mai (EFE).- A Confederação Geral do Trabalho (CGT), a principal central sindical da Argentina, decidiu nesta terça-feira convocar uma greve geral para o dia 29 de maio para pedir que o presidente do país, Mauricio Macri, mude a política econômica após um ano de crise, inflação alta e desvalorização do peso.

"Vamos reivindicar que ele modifique essa aceleração da decadência da economia, de nossos companheiros e famílias, para encontrar um ponto de retomada e olhar o desenvolvimento do país de forma a incluir todos", afirmou Héctor Daer, um dos secretários-gerais da CGT, após uma reunião da direção sindical.

Esta será a quinta greve geral convocada pela CGT desde o início do governo Macri, em 2015. Outros sindicatos, como a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), com grande representação no setor público, já realizaram movimentos similares contra o presidente.

Apesar da convocação, não haverá manifestações nas ruas.

A decisão foi anunciada um dia depois de membros da CGT se reunirem com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ontem visitaram Buenos Aires para revisar o cumprimento do acordo assinado por Macri em maio de 2018.

Uma forte desvalorização do peso argentino em relação ao dólar levou o presidente a recorrer ao FMI para tentar amenizar os efeitos da crise econômica. Na ocasião, Macri solicitou um empréstimo de US$ 56 bilhões à instituição.

"Os companheiros que participaram da reunião disseram ao FMI que esse nível de endividamento, de inflação, de ajuste permanente é inaceitável. Não temos horizontes de crescimento e de retorno à atividade econômica de condições que gerem a dignidade dos trabalhadores", ressaltou o representante da CGT.

Faltando menos de seis meses para as eleições presidenciais, que serão realizadas em outubro, a economia da Argentina continua sem sinais de reação. No entanto, o economista Roberto Cardarelli, líder da missão do FMI, avaliou que o "pior já passou".

"O crescimento deve melhorar, e a inflação deve cair nos próximos meses", projetou.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 2,5% no ano passado, e o desemprego subiu para 9,1% no fim de 2018. Contudo, segundo os últimos dados disponíveis, a atividade econômica reagiu em fevereiro, crescendo 0,4% em relação ao mês anterior.

A desvalorização do peso, por outro lado, permanece com ciclos de abruptas quedas na comparação com o dólar, o que afeta a inflação, que atingiu 11,8% no primeiro trimestre. Em 12 meses, o índice chega a 54,7%.

Carlos Acuña, também secretário-geral da CGT, explicou que a decisão tomada hoje é um ato de solidariedade. "Para nós, primeiro vem a pátria. Neste momento, não há setor que não tenha problemas", ressaltou o sindicalista.

Daer criticou as medidas tomadas pelo governo para controlar o valor do dólar, como um aumento das taxas de juros. Segundo ele, para pequenas empresas o índice chega a 100%.

"Isso mata a produção, o consumo e toda a atividade econômica. Só produzirá mais desempregados, mais companheiros fora da atividade produtiva e sem a dignidade que o próprio trabalho gera", afirmou.

A última greve geral convocada pela CGT foi em setembro de 2018. Na ocasião, os líderes sindicais alertaram Macri que não haveria trégua se o governo não mudasse os rumos da economia.

No entanto, a lembrança mais viva na memória dos argentinos foi o movimento organizado por dois grupos da CTA no último dia 30 de abril. Segundo dados oficiais, 32 pessoas foram presas após ataques a ônibus e a agências de bancos em Buenos Aires.

A adesão dos trabalhadores do sistema de transporte ao movimento deixou várias cidades totalmente paradas. Quase todos os voos nacionais e internacionais da capital foram cancelados, o metrô não funcionou e parte dos ônibus não saiu das garagens. EFE