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Milos, a ilha grega que traz a Lua aos seus visitantes

26/07/2019 10h02

Emma Pons Valls.

Atenas, 26 jul (EFE).- Na Grécia, uma ilha oferece ao visitante a oportunidade de"pisar na Lua", passear entre restos de vulcões extintos e mergulhar em antigos refúgios de piratas. Apesar das suas muitas peculiaridades, Milos resiste aos embates do turismo de massa que tanto afeta as ilhas vizinhas de Mykonos e Santorini.

Milos, eleita a melhor ilha da Europa segundo a revista de viagens americana "Travel + Leisure", está a apenas 150 quilômetros de Atenas - três horas de barco e a 45 minutos de avião - e é um antigo vulcão cuja cratera foi invadida pelo mar.

Uma das enseadas mais impressionantes da ilha, só acessível pelo mar, é Kleftiko, que com seus penhascos brancos e amplas cavernas marinhas foi um refúgio de piratas, aos quais deve seu nome (em grego, kleftis significa ladrão).

Kleftiko está protegida dentro da Rede Natura 2000, um programa de conservação da biodiversidade da União Europeia cujo objetivo em Milos é preservar o habitat de espécies como a foca-monge e uma espécie local de víbora venenosa (Macrovipera schweizeri), assim como os terrenos úmidos das Cíclades.

Se a pirataria não é aventura suficiente, no norte da ilha se encontra Sarakiniko, onde provavelmente se pode viver a experiência mais próxima de pisar na Lua sem sair do planeta Terra. Suas rochas brancas com formas lisas e suaves, criadas pelo contato das cinzas vulcânicas com a água do mar e o vento, contrastam com as águas turquesa, que transformam a esta praia no cenário perfeito de Instagram.

A atividade vulcânica de Milos dotou a ilha de uma grande riqueza geológica, plasmada nas brilhantes cores dos seus muros de rocha que variam por toda sua área e cuja exploração sempre foi um dos principais recursos econômicos.

As antigas minas de enxofre e obsidiana, com suas pedreiras esvaziadas, algumas casinhas e máquinas abandonadas e oxidadas, fazem parte da paisagem da ilha, cuja observação é melhor quando feita do mar; devido aos desníveis e à rudimentar rede de estradas, viajar por terra não é a opção mais fácil em Milos.

Uma das paisagens de difícil acesso mais peculiares é a praia de Tsigrado. Ao conseguir descer as escadas de madeira colocadas entre as rochas avermelhadas, o visitante ganha como prêmio uma exclusiva faixa de areia e águas cristalinas.

Menos espetacular, mas mais acessível é Papikinou, uma praia de areia fina próxima ao porto de Adamas. Kostas, dono de um pequeno hotel, aproveita um momento livre para entrar no mar antes de receber os hóspedes que chegarão na próxima balsa.

Kostas viveu desde que nasceu em Milos até que decidiu sair para descobrir a vida continental, costume entre a maioria dos jovens ilhéus, segundo contou. Passados alguns anos, decidiu voltar e administrar o negócio da família. Agora reconhece que prefere viver na ilha porque leva uma vida mais tranquila, em outro ritmo.

Alguns metros mais à frente, um homem dá banho em sua cachorrinha para protegê-la do sufocante calor. O idoso relata com satisfação que, depois de viver toda uma vida em Atenas, desde que se aposentou passa a maior parte do ano em Milos, terra natal de sua mãe, onde aproveita da natureza e cuida dos seus netos nas férias.

A poucos quilômetros estão Firopotamos e Mandrakia, duas colônias de pescadores com casinhas coloridas banhadas pelas ondas e a areia, que chega até suas portas.

Mas nem tudo são praias em Milos: Plaka, a capital, é visita obrigatória. Com as suas vielas repletas de lojas, seja de artesanato ou de roupas, e restaurantes com boa comida, o lugar oferece muito mais que espetaculares fotos do pôr-do-sol.

Milos é também destino cultural, embora seu principal encanto esteja em Paris: a Vênus de Milo, datada entre 130 a.C e 100 a.C. e considerada uma das estátuas gregas mais representativas do período helenístico, foi descoberta em 1820 por um camponês, que a vendeu a um diplomata francês.

A estátua foi encontrada perto das catacumbas de Trypiti: construídas entre os séculos I e V, figuram entre as mais importantes do mundo e especula-se que poderiam ser, inclusive, mais antigas que as de Roma. Elas brigam cerca de dois mil túmulos dos primeiros cristãos da ilha.

Na mesma região estão as ruínas de um teatro da época helenística, reformado pelos romanos com mármore da ilha de vizinha Paros, que hoje em dia continua recebendo concertos e representações teatrais. EFE