FMI afirma que 'vai levar tempo' para fechar novo acordo com Argentina
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu nesta quinta-feira que "vai levar tempo" para fechar um novo acordo com a Argentina, e confirmou que o ministro da Economia argentino, Martín Guzmán, se reunirá com a diretora da entidade, Kristalina Georgieva, em sua viagem a Washington neste mês.
"Vai levar tempo para que essas discussões ocorram para finalmente alcançarmos um programa", afirmou Gerry Rice, porta-voz do FMI, em entrevista coletiva.
Anteriormente, maio foi escolhido como o mês para se alcançar um novo pacto, mas parece difícil manter esse objetivo dado o pouco tempo restante e a falta de uma proposta detalhada. Rice disse que Guzmán viajará para Washington para discussões com o FMI e Georgieva em 23 e 24 de março.
Na ocasião, acrescentou o porta-voz, será discutido "como o FMI pode ajudar o governo da Argentina a colocar em prática políticas que aumentem a estabilidade e estabeleçam as bases para um crescimento sustentável, inclusivo e liderado pelo setor privado".
O objetivo das autoridades argentinas é fechar um acordo com o FMI para refinanciar dívidas com a entidade e eliminar incertezas na segunda maior economia sul-americana.
O FMI aprovou em meados de 2018 a concessão de um empréstimo à Argentina, então governada pelo conservador Mauricio Macri, por cerca de US$ 56,3 bilhões, depois de uma forte fuga de capitais ter acelerado a desvalorização do peso e causado fortes desequilíbrios na economia nacional.
Com a vitória do esquerdista Alberto Fernández nas eleições de outubro de 2019, o novo governo se recusou a aceitar mais recursos do que os US$ 44 bilhões já recebidos até o momento e anunciou conversas com o FMI para chegar a um acordo no sentido de atrasar a devolução do crédito.
Fernández aumentou a tensão ao anunciar no início deste mês a apresentação de uma "queixa criminal" pelo endividamento durante o governo Macri e ao ressaltar que o maior crédito na história do FMI "apenas permitiu a mais assombrosa fuga de divisas" da história argentina.
"Tanta má-fé dos tomadores do crédito e tanto desdém de funcionários políticos de uma organização multilateral para privilegiar um governo na conjuntura não podem ser vistos como mais um caso", argumentou o presidente argentino. Rice se recusou a comentar as observações de Fernández.
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