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Único crédito que não cresceu foi o direcionado, diz BC

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

26/04/2018 13h28

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, destacou nesta quinta-feira, 26, durante a apresentação das Estatísticas Monetárias e de Crédito, que o único grupo de crédito que não teve crescimento de estoque em março foi o direcionado. Nos demais grupos - crédito livre, crédito para pessoa física e crédito para pessoa jurídica - houve elevações no estoque.

De fato, conforme a nota divulgada mais cedo pelo BC, o estoque de crédito livre avançou 1,3%, o de pessoas físicas subiu 0,6% (considerando livre e direcionado) e o de pessoas jurídicas também teve alta de 0,6%. Considerando o total do crédito direcionado, porém, o saldo recuou 0,1%, "o que consideramos como uma estabilidade", acrescentou Rocha.

"A redução do crédito está ficando cada vez mais restrita a operações de pessoas jurídicas no crédito direcionado", afirmou. Rocha ponderou que, em qualquer forma de mensuração dos juros, as taxas, de maneira geral, se reduziram em março.

Segundo ele, em dezembro houve um efeito sazonal de fim de ano, quando o 13º salário acaba permitindo uma redução da necessidade de acesso a linhas de crédito mais caras, como cheque especial e rotativo do cartão.

Em janeiro e fevereiro, por sua vez, houve um efeito contrário, com o retorno dos clientes a linhas mais caras. O resultado disso foi a queda sazonal dos juros em dezembro e a elevação, também sazonal, das taxas em janeiro e fevereiro. "Em dezembro, pessoas recebem 13º salário. E isso faz a taxa média diminuir. Em janeiro e fevereiro, acontece o inverso", resumiu.

Agora, em março, a taxa de juros caiu, "em movimento esperado", conforme Rocha. Pelos dados do BC, a taxa média de juros no crédito livre cedeu 0,8% em março ante fevereiro, acumulando recuo de 10,7% nos 12 meses encerrados em março.

"A tendência de redução dos juros, verificada em março, tem a ver com o ciclo de política monetária", disse Rocha, em referência aos cortes da Selic nos últimos meses. Atualmente, a taxa básica de juros está em 6,50% ao ano. "Esgotados os efeitos sazonais, volta a tendência de redução das taxas, tanto no mês quanto em 12 meses", acrescentou.

Pessoa física

A demanda por crédito pessoal, financiamento de veículos e as linhas não rotativas do cartão de crédito voltaram a crescer em março. O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que, por outro lado, operações mais caras como o cheque especial e o rotativo do cartão tiveram queda na demanda.

Dados apresentados mais cedo pelo BC mostram que o total de crédito para a compra de veículos cresceu 1,2%, o parcelado do cartão teve expansão de 2,7% e o crédito pessoal registrou expansão de 0,9%. Por outro lado, operações mais caras, como o cheque especial tiveram queda de 3,5% e o estoque do rotativo do cartão diminuiu em 3,8%.

Cheque especial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou também durante apresentação das Estatísticas Monetárias e de Crédito, que são esperadas redução de taxa de juros e melhores condições para clientes em função das medidas anunciadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

No início de abril, a Febraban anunciou que os bancos vão oferecer a partir de julho um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção valerá para débitos superiores a R$ 200. Se mais de 15% do limite for utilizado por mais de um mês no cheque especial, o banco irá oferecer opções de linhas de crédito para a dívida.

Rocha afirmou, porém, que o BC não tem estimativa de quanto a taxa do cheque especial vai cair na ponta final. Na época do anúncio, a Febraban também não fez nenhuma projeção sobre de quanto será a queda. Atualmente, o juro do cheque especial está em 324,7% ao ano. É uma das mais elevadas do sistema.

Esta ausência de estimativas, tanto por parte do BC quanto por parte da Febraban, contrasta com o verificado no início do ano passado, quando foram anunciadas as mudanças no rotativo do cartão de crédito. Na época, o governo e o BC citavam a expectativa de redução pela metade das taxas do rotativo. Sob efeito das mudanças, a taxa do rotativo recuou de 431,7% ao ano em março do ano passado para 243,5% ao ano em março deste ano.

Perfil de clientes

De fevereiro para março deste ano, a taxa do rotativo regular do cartão de crédito subiu 4,4%. De acordo com Rocha, esta elevação deve-se a uma mudança no perfil dos clientes de um mês para outro. Segundo ele, houve demanda maior de crédito por parte de clientes com perfil mais arriscado.