Recuperação do crédito para pessoa física está mais consolidada, diz BC
Rocha notou que o saldo das operações para pessoas físicas teve contração até 2016. Desde 2017, disse o técnico, o volume de operação tem se recuperado. Na pessoa jurídica, o crédito tem demorado mais para reagir e houve retração das operações até o começo de 2017. "Desde então, ainda que o desempenho permaneça negativo pelas operações direcionadas, há diminuição da trajetória negativa em 12 meses."
Com esse melhor desempenho das operações corporativas, o mercado de crédito total tem crescido nos últimos três meses e o ritmo acelera, o que indicaria tendência de recuperação citada pelo chefe de departamento do BC. Rocha lembrou que os saldos em 12 meses cresceram 0,7% em abril e o ritmo aumentou para 1,3% em maio.
"Como sempre temos dito, essa recuperação é puxada pelo crédito livre, que cresceu 1% no mês. É bastante significativo", disse. Já as operações direcionadas terminaram o mês passado com saldo estável.
Rocha disse que ainda é preciso aguardar para observar se as operações voltarão a crescer, mas o técnico chamou atenção para o fato de que as quedas foram diminuindo mês a mês até a estabilidade do mês passado.
Redução na concessão
O mês de maio teve redução na concessão de crédito para capital de giro das empresas. O movimento foi considerado pontual pelo chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central. "Houve redução de 0,3% nas concessões (do crédito livre) em função da redução nas pessoas jurídicas, principalmente o capital de giro", disse, ao comentar que a redução seria explicada principalmente porque há base de comparação mais elevada. "Houve um volume mais elevado em abril". Ele não fez qualquer relação com a paralisação dos caminhoneiros.
Sobre o crédito direcionado, Rocha chama atenção para o aumento de 8,6% nas concessões em maio. O número, explicou, é resultado especialmente das operações do BNDES. Em maio, a concessão das operações do banco de fomento saltaram 68,1% ante abril. O saldo das operações do banco, porém, não sofreu grande variação entre um mês e outro.
Rocha explicou que esse grande aumento sem oscilação no saldo é resultado de operações concedidas pelo BNDES para rolagem de operações antigas. Questionado sobre o fenômeno, o técnico do BC classificou como "não usual". "Não é operação específica. Tivemos operações em vários setores, como infraestrutura e logística", disse.
Rocha chamou atenção ainda que, apesar do grande volume concedido em maio, os dados relativos ao trimestre ou ao ano ainda mostram redução das concessões do banco de fomento.
Caminhoneiros
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central avaliou que os números de maio da área de crédito não sugerem possíveis efeitos da greve dos caminhoneiros sobre as concessões. "Olhando os dados diários, não vimos efeito da greve em maio", disse Rocha.
Ao avaliar os resultados de maneira geral, Rocha pontuou que houve crescimento nos saldos de crédito em maio, disseminado pelas várias modalidades de crédito.
Capital de giro
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou que a queda de 16,4% nas concessões de capital de giro para pessoas jurídicas em maio, no crédito com recursos livres, foi um ponto fora da curva.
"O capital de giro está mais defasado que as demais modalidades", disse Rocha, em relação ao processo de recuperação das linhas de crédito para empresas. "Mas a queda de capital de giro no mês de maio é mais significativa que em 12 meses", pontuou.
De fato, no acumulado de 12 meses até maio, a baixa nas concessões de capital de giro com crédito livre está em 9,6% - portanto, uma retração menor que os 16,4% de queda vista apenas no mês de maio, na comparação com abril.
Rocha pontuou ainda que a base de comparação com abril era alta. Naquele mês, as concessões de capital de giro somaram R$ 15,014 bilhões. Em maio, elas atingiram R$ 12,555 bilhões.
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