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Alimentos podem ter alta de 12%, diz CNA

Lu Aiko Otta

Brasília

29/06/2018 07h50

Por causa da tabela do frete, o preço dos alimentos pode subir 12,1%, segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que prevê impactos além da cesta básica. Se o custo for totalmente repassado à cadeia produtiva, a inflação poderá ficar entre 5% ou 6%, ameaçando atingir o valor máximo da meta fixada para este ano.

Esses dados foram apresentados na quinta-feira, 28, na audiência de conciliação promovida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux entre caminhoneiros e empresas na busca de um acordo em torno da tabela do frete. Fux relata uma ação direta de inconstitucionalidade da Medida Provisória 832, que criou uma política de preços mínimos para o frete.

O cálculo da CNA diz respeito a alimentos como arroz, carnes, feijão, leite, ovos, tubérculos, frutas e legumes, que respondem por 90,4% da cesta básica. A conclusão é que, com o encarecimento desses itens, a cesta básica passará a consumir 50% de um salário mínimo a partir de julho, ante 46,2% até maio.

"O tabelamento fará com que as famílias brasileiras percam seu poder de compra", afirma a entidade. "Isso porque em 2018 o governo federal elevou o salário mínimo para R$ 954, um acréscimo de R$ 7, enquanto o tabelamento do frete deverá aumentar o custo da cesta de alimentos em R$ 53,40, valor três vezes maior."

Nos 12 meses terminados em abril, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado estava em 2,76%, influenciado pelo preço dos alimentos em domicílio, que apresentavam recuo. "Após a greve e o tabelamento de fretes, houve completa reversão nesse quadro de estabilidade inflacionária, com esse índice projetado em 4,42% para o mês de junho."

Nos 12 meses encerrados em abril, os alimentos em domicílio haviam caído 4,42%. Para o período encerrado em junho, esses mesmos itens deverão apresentar alta de 0,53%, "uma incrível reversão em sua trajetória", aponta o estudo. Em junho, a alta dos alimentos deve atingir 3,43%.

A CNA nota que a paralisação dos caminhoneiros fez o mercado financeiro rever suas projeções para a inflação em 2018. De 3,49% antes do movimento, as projeções já estão em 4%. A pedido da CNA, a consultoria LCA calculou o impacto do frete mais caro caso ele seja integralmente repassado a toda a cadeia de produção do País. Nesse caso, a inflação poderá terminar o ano entre 5% e 6%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.