Compra da Eldorado já está na Justiça
Não há expectativa de entendimento entre as partes dentro do prazo previsto em contrato e a disputa judicial deve seguir para uma arbitragem.
Em setembro do ano passado, a PE firmou acordo para a compra da Eldorado, por R$ 15 bilhões, incluindo dívidas. A operação foi feita em etapas. A PE, que tem entre seus acionistas a família indonésia Wadjaja, dona da Asia Pulp and Paper (APP), desembolsou R$ 3,8 bilhões por 49,4% de participação na companhia e se comprometeu a liberar em até um ano as garantias dadas pela J&F, holding da família Batista.
O impasse entre as partes é sobre a forma de como a liberação dessas garantias sobre dívidas da J&F de R$ 6,8 bilhões com bancos, além de R$ 2,3 bilhões em ações da JBS, será acertada. De acordo com fontes a par do assunto, a PE entende que poderá pagar com recursos próprios, e já teria dinheiro para isso. Já a J&F alega que este acerto tem de ser feito diretamente com os bancos. Entre os principais credores da Eldorado, estão o BNDES, com R$ 2,7 bilhões, e o FI-FGTS, com R$ 940 milhões.
A PE argumenta ainda que não há colaboração dos controladores nos trâmites burocráticos, enquanto a família Batista acredita que os compradores mudaram as regras após o acerto, feito há um ano.
Mais prazo
Os Batistas teriam dado à PE um prazo de 30 dias para resolver o assunto, sem revisão dos valores da transação, mas a proposta foi refutada pela empresa. Outra opção seria estender a finalização da operação por seis meses, desde que os valores do negócio fossem revistos, uma vez que os preços internacionais da celulose e o dólar se valorizaram nos últimos meses.
Procurada, a J&F não comentou. A Paper Excellence reafirmou, em nota, que vem cumprindo as cláusulas estipuladas no contrato e reitera que está pronta para realizar o fechamento, tendo disponíveis, desde meados de julho, os recursos necessários à conclusão da transação (R$ 10,8 bilhões).
Trajetória
Dona do maior frigorífico de carne bovina do mundo, a família Batista vendeu importantes negócios de sua holding para ganhar liquidez. A Alpargatas, dona da marca Havaianas, foi vendida para o Itaúsa por R$ 3,5 bilhões. Já a Vigor, fabricante de lácteos, para a mexicana Lala em uma operação avaliada em R$ 5 bilhões. A família também vendeu negócios de carnes da América do Sul para o Minerva, por cerca de R$ 1 bilhão.
A J&F esteve prestes a vender a Eldorado para o grupo chileno Arauco. Mas como a PE ofereceu R$ 1 bilhão a mais, acabou levando a produtora de celulose. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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