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Carrefour agora quer ser sócio de redes regionais

Dayanne Sousa, Márcia de Chiara e Cátia Luz

São Paulo

12/11/2018 11h22

Um dos maiores varejistas do país, o Carrefour está disposto a mudar o modelo de crescimento no mercado brasileiro. De olho no bom desempenho das redes regionais, o grupo francês quer não só adquirir essas empresas, o que fez ao longo do tempo no Brasil, mas também fechar parcerias.

"Vamos estudar tudo. Qualquer forma de aliança que possamos fazer com grupos regionais nos interessa", diz o presidente do Carrefour Brasil, Noël Prouix.

O formato já é comum para a varejista na França. De mil supermercados do grupo no país de origem, 50% são do próprio Carrefour, enquanto a outra metade são parcerias. O modelo se repete nas lojas de proximidade (unidades menores que atendem bairros, também foco de interesse da empresa): 95% são projetos com terceiros. "Não estou falando de franquias.

Parceria é um acordo que permite à família controladora manter-se dentro das empresas", explica o executivo. Boa parte das redes regionais, apesar de ter uma boa operação, não tem recursos suficientes para se expandir ou enfrenta problemas de sucessão, diz Prouix. "Podemos ajudar. E, ao contrário dos grandes fundos, o Carrefour não tem interesse em vender a participação após alguns anos."

O apetite pelo filão tem várias motivações. Primeiro, o ritmo de crescimento da receita das redes regionais, que chega a ser até quatro vezes superior ao da média do setor.

"Isso se deve, em boa parte, ao fato de elas estarem mais próximas do consumidor e serem mais sensíveis às suas necessidades. Assim, conseguem ajustar mais rapidamente o sortimento desejado", diz Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar).

Para o consultor Marcos Gouvêa, diretor do Grupo GS& Gouvêa de Souza, tudo indica que o país esteja entrando num ciclo de crescimento mais acelerado e as empresas já buscam alternativas para tirar proveito dessa expansão.

"O movimento do Carrefour envolvendo aliança com redes regionais pode acelerar, criativamente, a expansão, e é uma alternativa para criar uma rede de negócios."

O grupo francês também tem pouca exposição ao formato supermercado (formado pelas bandeiras Carrefour Market e Carrefour Bairro), que responde por um terço do varejo alimentar brasileiro, mas apenas por 1% da receita da companhia.

O forte do faturamento do grupo francês, cerca de dois terços do total, vem das lojas de atacarejo, mistura de atacado com varejo. Sob a marca Atacadão, o Carrefour tem hoje 160 lojas e planeja abrir mais 20 no ano que vem.

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O grupo anunciou para 2019 um investimento de R$ 1,8 bilhão, mas o aporte pode chegar a R$ 2 bilhões. E, como prioridade, elegeu o comércio eletrônico. "Há poucas plataformas de alimentos. Queremos ser o líder no mundo em quatro anos." Globalmente, a meta é atingir 5 bilhões de euros em volume de negócios no e-commerce alimentar até 2022.

Segundo Prouix, 2019 será um ano de ajuste do modelo no Brasil e também de aceleração. Para ele, o país, a exemplo da China, em função de uma população jovem, pode pular uma geração em termos de transformação digital.

"Temos de aprender. O objetivo é ver que modelo se encaixa melhor aqui. Acho que é forte a entrega a domicílio e o drive-thru (retirar produtos na loja usando carro). Daí, a expansão tem de ser rápida."

Outro pilar de transformação da companhia é a venda de produtos saudáveis. No mundo, o Carrefour estabeleceu a meta de duplicar a participação de produtos orgânicos nas vendas de itens frescos até 2020.

As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".