Cautela, serenidade e perseverança em decisões sobre juros têm sido úteis, diz BC
O trecho da ata retoma uma ideia que já aparecia no comunicado da semana passada do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi mantida em 6,50% ao ano pela sétima vez consecutiva. A primeira vez que o BC citou estes três fatores como referência para a tomada de decisão foi na ata de dezembro do Copom.
O destaque dado a estes conceitos desde dezembro ocorre em meio ao surgimento de percepção, em parte do mercado financeiro, de que o BC poderia iniciar em 2019 um ciclo de novos cortes da Selic - e não de elevação. Isso porque a atividade econômica segue fraca, enquanto os índices de inflação estão controlados.
Porém, ao citar "cautela, serenidade e perseverança" nas decisões, o BC sugere que será criterioso ao iniciar um novo ciclo, para um lado ou para outro.
No fim de dezembro, em coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, já havia sugerido "cautela, serenidade e perseverança" na análise de tendência. "E não embarcar em momentos em que os cenários são mais voláteis", disse na ocasião.
Cenário externo
O Copom do Banco Central avaliou na ata que o cenário externo continua desafiador, mas considerou que houve "alguma redução" e alteração no perfil de riscos.
O documento revela que os membros do Copom debateram a contraposição entre diferentes dois cenários para a evolução da economia dos Estados Unidos.
O primeiro envolveria o risco de desaceleração relevante da economia americana - o que parece já ter afetado a curva de juros e o mercado acionário dos EUA no fim de 2018. Já o segundo cenário contemplaria a continuidade do vigor exibido pela economia americana.
"Esses dois cenários têm implicações opostas para o rumo da política monetária do Fed. Os membros do Copom concluíram que, ao menos até a definição de qual dos cenários é o mais provável, os riscos associados à normalização da política monetária nos EUA se reduziram", detalha a ata.
Os membros do Copom também citaram o arrefecimento da atividade em algumas economias relevantes para reconhecerem que os riscos associados a uma desaceleração da economia global se intensificaram. Além disso, incertezas ligadas à expansão do comércio internacional e ao Brexit podem levar a um menor crescimento mundial.
"Nesse contexto, o Copom voltou a destacar a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e ao ambiente com expectativas de inflação ancoradas e perspectiva de recuperação econômica", conclui o documento.
Atividade
O Banco Central revelou nesta terça-feira, 12, por meio da ata do último encontro do Copom, que os membros do colegiado debateram evidências de "algum arrefecimento" da atividade econômica no último trimestre de 2018, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado.
"Considerando os choques que incidiram ao longo de 2018, concluíram que a evolução da atividade econômica tem sido consistente com o cenário básico do Copom, de recuperação gradual da economia brasileira", avaliaram os diretores do BC, em referência à greve dos caminhoneiros ocorrida entre maio e junho do ano passado.
O documento destaca ainda que a economia brasileira segue operando com alto nível de ociosidade. Isso estaria refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego.
O BC ressaltou que a aceleração do ritmo de retomada da economia dependerá da redução das incertezas em relação à aprovação de reformas e ajustes fiscais. Mais uma vez, a autoridade monetária citou a importância de outras iniciativas para o aumento de produtividade, ganhos de eficiência e melhoria do ambiente de negócios.
"Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira", completou o documento.
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