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Correção: Prefeitos querem transporte de passageiros na Ferrovia Norte-Sul

André Borges

São Paulo

13/02/2019 16h01

A nota enviada anteriormente, no dia 8 de fevereiro, continua uma imprecisão no penúltimo parágrafo, onde havia sido citado que a VLI atuava, tanto em um trecho operacional da Norte-Sul como na Estrada de Ferro Carajás. A informação mais precisa é a que a VLI, da qual a Vale é sócia, já atua em um trecho operacional da Norte-Sul. E que a Vale também opera na Estrada de Ferro Carajás, entre o Pará e Maranhão, onde oferece trem de passageiros. Segue o texto corrigido e atualizado.

Os prefeitos dos municípios de Uruaçu (GO) e Porto Nacional (TO) reagiram às declarações do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, de que a Ferrovia Norte-Sul não deve transportar passageiros, mas somente carga, porque não se trata de um trajeto europeu, como o de Londres a Paris. As duas cidades estão no eixo da Norte-Sul, ferrovia que, atualmente, compõe uma malha nova de mais de 2.400 quilômetros de extensão na região central do País, ligando São Paulo, a partir de Estrela D'Oeste, até o porto de Itaqui, no litoral do Maranhão.

"Sabemos que a principal vocação da ferrovia é a carga, mas é claro que existem pessoas que trafegariam pela Norte-Sul, mas ter uma estrutura de embarque e desembarque de passageiros seria extraordinário para nós e para o País", disse o prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro. "Estamos na região de Anápolis e Goiânia. Só a região norte de Goiás tem meio milhão de habitantes. Isso não pode ser ignorado. Parece que o ministro desconhece essas informações."

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Tarcísio de Freitas afirmou que a ideia de ter transporte de passageiros na ferrovia, proposta que foi pedida pelo procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, é uma postura "meio quixotesca" e sem cabimento.

"O Júlio Marcelo queria trem de passageiro lá, mas não tem demanda para isso. Ele imagina uma pessoa viajando, trabalhando em seu notebook e seu Wi-Fi, mas não estamos fazendo o trajeto de Londres a Paris. Na verdade, a gente está indo de Uruaçu (GO) a Porto Nacional (TO). Você já marcou uma festa com a sua família em Porto Nacional? Não? Eu também não. O que vai passar lá é carga, grão, líquido, fertilizante. É isso que temos de resolver, essa é a vocação da ferrovia", disse.

O prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, disse que nunca fez festas em Londres ou Paris, mas que já realizou muitas festas na cidade que administra. "Sabemos que hoje não temos essa cultura do transporte de passageiro na ferrovia, porque o que tem ocorrido é o atendimento ao agronegócio e ao transporte de combustíveis. Mas o uso pela população só vai acontecer se tiver essa estrutura disponível", comentou.

A VLI, da qual a Vale é sócia, já atua em um trecho operacional da Norte-Sul. A Vale também opera na Estrada de Ferro Carajás, entre o Pará e Maranhão, onde oferece trem de passageiros. O mesmo serviço à população está disponível na ferrovia Vitória-Minas, também controlada pela Vale. No caso do novo traçado de 1.537 km da Norte-Sul, o transporte de passageiros não está contemplado. O empreendimento tem previsão de ir a leilão em 28 de março.

Para o MP junto ao TCU, "o edital dessa licitação, tal como está desenhada, favorece amplamente a empresa VLI e não acrescenta nada ao País". A VLI é controlada pela Vale, em sociedade com as empresas Mitsui e Brookfield, com participação do fundo FI-FGTS. O governo nega irregularidades no edital e atribui a acusação a uma posição pessoal do procurador. A VLI declarou que o processo tem ocorrido com toda a transparência e nega ter qualquer tipo de vantagem numa eventual disputa pelo empreendimento.