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Maior remessa líquida de lucros justifica déficit maior na renda primária, diz BC

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

25/03/2019 14h25

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, apontou nesta segunda-feira, 25, que o aumento das remessas de lucros e dividendos em fevereiro está relacionado com o aumento do Investimento Direto no País (IDP).

As remessas de lucros e dividendos somaram US$ 1,672 bilhão em fevereiro, ante US$ 1,399 bilhão no mesmo mês do ano passado.

"Isso também reflete o aumento da lucratividade das empresas no Brasil. Essa alta das remessas líquidas de lucros justifica déficit maior na renda primária em fevereiro", avaliou Rocha.

Em março, até o dia 20, as remessas de lucros e dividendos chegam a US$ 875 milhões.

Já conta de juros ficou menor em fevereiro devido ao aumento das taxas recebidas pelo Brasil no mês. Essa despesa líquida somou US$ 779 milhões em fevereiro, abaixo dos US$ 896 milhões do mesmo mês de 2018. Em março, até o dia 20, a despesa líquida com juros é de US$ 358 milhões.

Investimento Direto

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central comentou que os ingressos de Investimentos Diretos no País (IDP) continuam sólidos, superando inclusive o volume esperado pelo BC.

Em fevereiro, a entrada de recursos nessa rubrica chegou a US$ 8,400 bilhões, acima da estimativa de US$ 7 bilhões da autoridade monetária para o mês. "Os recursos continuam mais que suficientes para compensar o déficit em transações correntes", afirmou. "Em março também houve ingressos em portfólio", completou Rocha.

Em março, até o dia 20, os ingressos de IDP chegam a US$ 4,867 bilhões.

"Considerando esse resultado, o BC estima a entrada de US$ 7,7 bilhões em investimentos diretos em março. Isso é quase a mesma magnitude de março de 2018, significando uma estabilidade do acumulado em 12 meses", adiantou Rocha.

Segundo ele, os investimentos diretos têm mostrado uma trajetória de crescimento nos últimos oito meses. "Isso se deve a perspectivas de crescimento do País, de aprovação de reformas e de participação em programas de concessões e privatizações", avaliou.

Em portfólio

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que os investimentos estrangeiros em portfólio foram positivos em janeiro e fevereiro deste ano, recuperando a saída registrada no fim de 2018. Os investimentos em ações e renda fixa no País foram positivos em US$ 3,967 bilhões em fevereiro.

"Nos últimos anos, os meses de dezembro têm registrado saídas nessa conta, devido à necessidade das matrizes em fecharem balanços no exterior. E, no começo do ano, esses recursos retornam", detalhou Rocha.

No mercado de ações, houve uma saída liquida de US$ 2,204 bilhões em fevereiro, enquanto a entrada em títulos de renda fixa foi de US$ 5,991 bilhões.

Segundo Rocha, até o dia 20 de março, há saída de US$ 2,326 bilhões em ações e ingresso de US$ 212 milhões em renda fixa. "O saldo líquido de portfólio no mês é negativo em US$ 2,114 bilhões, até o dia 20", completou.

Fluxo cambial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou que o fluxo cambial total no País está negativo em US$ 5,703 bilhões em março até o dia 20. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 289 milhões e de um fluxo financeiro negativo de US$ 5,992 bilhões no mesmo período.

Na conta comercial, ocorreram em março até o dia 20 importações de US$ 7,758 bilhões e exportações de US$ 8,047 bilhões. Dentro das exportações foram US$ 1,561 bilhão de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 1,780 bilhão em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 4,706 bilhões em demais operações. Dentro da conta financeira, ocorreram no período entradas de US$ 25,433 bilhões e saídas de US$ 31,425 bilhões.

Com o movimento verificado em março, até o dia 20, a posição dos bancos no mercado à vista passou de vendida em US$ 21,756 bilhões no fim de fevereiro para vendida em US$ 15,953 bilhões agora.