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'Esperávamos francamente que houvesse competição', diz presidente da Petrobras

Roberto Castello Branco minimizou o fato de a Petrobras não ter tido concorrência no leilão - Allan Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo
Roberto Castello Branco minimizou o fato de a Petrobras não ter tido concorrência no leilão Imagem: Allan Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo

Denise Luna, Fernanda Nunes e Mariana Durão

Rio

06/11/2019 13h55Atualizada em 06/11/2019 16h26

Resumo da notícia

  • Petrobras não teve concorrência no leilão de petróleo
  • Estatal arrematou uma área sozinha e outra em conjunto com duas chinesas
  • "Não cabe a mim explicar isso (a falta de disputa)", disse Roberto Castello Branco
  • Para executivo, aquisição consolida liderança global da Petrobras na exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a Petrobras esperava que houvesse maior competição no megaleilão do excedente da cessão onerosa, realizado nesta quarta-feira (6), no Rio. A estatal foi a principal participante da concorrência, arrematando sozinha o campo de Itapu e, em consórcio com companhias chinesas, o campo de Búzios, área mais valiosa em disputa.

"Não cabe a mim explicar isso (a falta de disputa). Esperávamos francamente que houvesse competição. Nós gostamos da competição e estamos preparados para isso", afirmou o presidente da estatal.

Castello Branco minimizou o fato de a Petrobras ter entrado praticamente sozinha nessas áreas, o que significará um peso maior em termos de investimentos pela companhia.

Ele disse que a antecipação jogaria para frente a curva de produção da Petrobras, que teria que abrir espaço para as outras petroleiras produzirem. Isso implicaria em perda financeira que teria que ser restituída à Petrobras depois. "Tendo 90% do consórcio minimiza esse problema", disse em referência a Búzios.

A Petrobras teria 40 anos para produzir os 5 bilhões de boe da cessão onerosa. Como as petroleiras não investiriam num projeto que só começasse a dar retorno daqui a quatro décadas, o governo propôs que elas comprassem da estatal o direito de antecipar a produção. A previsão era que essa compensação fosse bilionária, ainda maior que o bônus de assinatura, mas na prática só as chinesas CNOOC e CNODC entraram com 5% cada ao lado da estatal em Búzios.

O executivo afirmou que a compensação por investimentos e antecipação é uma discussão privada e que ainda não foi definida junto às parceiras asiáticas.

Sobre as áreas de Sépia e Atapu, que não receberam ofertas no leilão, Castello Branco disse que elas não são tão interessantes para a estatal quanto Búzios e Itapu. "Vamos investir naqueles ativos em que podemos obter o máximo de retorno para a companhia."

Consolidação

Protagonista do megaleilão do excedente da cessão onerosa, com a aquisição dos campos de Búzios e Itapu, a Petrobras comemorou o resultado apesar da falta de concorrência. Castello Branco disse estar muito feliz e que a aquisição do campo de Búzios consolida a liderança global da Petrobras na exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas.

"Estamos construindo o futuro da Petrobras. Uma companhia de petróleo precisa de reservas e, para isso, é fundamental o investimento em exploração. Graças a anos sem leilões de blocos de petróleo e ao desmonte que a companhia sofreu no passado, ela foi obrigada a reduzir dramaticamente seus investimentos em exploração", disse ele.

Segundo Castello Branco, Búzios é um "ativo de classe mundial", com substanciais reservas, baixo custo de produção e baixo preço de equilíbrio (com alto retorno sobre o capital investido). A Petrobras já produz 600 mil barris diários de óleo equivalente (boe) na área. "É um ativo em que a Petrobras é o dono natural, capaz de extrair o maior retorno possível", afirmou.

Desalavancagem

O presidente da Petrobras afirmou que o campo de Búzios exigirá um substancial volume de recursos, mas garantiu que a companhia está financeiramente preparada para arcar com esses investimentos. "Continuamos comprometidos com a meta de desalavancagem, de ao final de 2020 alcançarmos uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,5 vezes", disse.

O comprometimento dessa meta era uma das preocupações do mercado em relação à participação da Petrobras na concorrência.

Castello Branco destacou que a Petrobras está fazendo uma gestão ativa de portfólio, se desfazendo de ativos considerados menos estratégicos e de menor retorno, com isso, realocando recursos em ativos que são seu carro-chefe e no abatimento da dívida. "Mesmo com esse investimento (em Búzios), a Petrobras não acabará o ano com elevação de dívida. Não haverá um dólar de aumento de dívida", disse, destacando a disciplina na alocação de capital como um de seus objetivos.

Queda das ações

Questionado sobre a queda das ações da Petrobras logo após o resultado do megaleilão da cessão onerosa, Castello Branco afirmou que é muito difícil explicar movimentos de mercado no curtíssimo prazo.

O megaleilão da cessão onerosa das áreas do pré-sal movimentou as ações da Petrobras no período da manhã. Após abrirem em alta superior a 2%, os papéis viraram para queda de 4%, em movimento de forte oscilação. "Provavelmente uns quiseram especular. O que importa é a tendência", comentou ele, na saída do leilão.

O executivo disse que a petroleira está trabalhando para entregar valor ao acionista, inclusive o Estado brasileiro, que é seu controlador. "Acreditamos ter feito a coisa certa nessa direção", destacou.

Ainda sobre a baixa participação de companhias estrangeiras no leilão, Castello Branco comentou que o Brasil tem muitas complexidades na questão da regulação da indústria do petróleo que devem ser discutidas. "O Brasil tem que ser mais simples. Menos instabilidade, mais desenvolvimento econômico", acrescentou.

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