Para mercado, leilão traz menos dólares e receio sobre dívida da Petrobras
Resumo da notícia
- Megaleilão de petróleo teve baixa concorrência e arrecadou 2/3 do previsto
- Analista aponta preocupação de investidores com capacidade de Petrobras fazer investimentos, mas destaca vitória da companhia
- Papéis da estatal abriram em alta, passaram a cair após leilão e, depois, voltaram a subir
- Resultado do leilão pode afetar o dólar, com entrada de recursos estrangeiros menor que o esperado
O mercado reage ao leilão do pré-sal desta quarta-feira (6), buscando avaliar os reflexos que o resultado terá sobre as ações da Petrobras (PETR3, PETR4) e sobre o câmbio. As ações da Petrobras operavam com instabilidade: abriram o dia em alta, passarem a cair, mas depois retomaram o fôlego e subiram novamente. O dólar comercial havia começado o dia em baixa, mas passou a subir mais de 1% após o leilão.
Para o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, a concorrência foi menor que a esperada porque havia dúvidas entre as empresas. "O marco regulatório não está totalmente definido. O governo teve muita pressa para fazer esse leilão", disse. Segundo ele, alguns analistas podem estar preocupados com o endividamento da Petrobras. Além disso, o resultado pode ter efeitos sobre o câmbio.
"O maior problema fica com relação ao dólar, já que havia uma expectativa de entrada de dólares que acabou não acontecendo", afirmou. O megaleilão arrecadou R$ 70 bilhões, cerca de dois terços do total esperado (R$ 106,5 bilhões) pelo governo.
Se o leilão tivesse atraído mais empresas estrangeiras, haveria uma arrecadação maior e uma entrada de dólares mais forte nos próximos dias. "O resultado foi ruim pois pode sinalizar desconfiança e gerar preocupação com as privatizações. Como não vai entrar tanto dólar quanto o esperado, a moeda volta a ficar acima de R$ 4,00", disse Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset. "Já para a Petrobras, vejo o leilão como positivo, já que era o campo que estava interessada", afirmou.
Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o fato de ter menos estrangeiros participando do leilão do que era esperado levou agentes de mercado a fazerem mudanças. "Havia uma expectativa de entrada de capital das empresas estrangeiras. Mas como não tivemos isso, houve uma pressão de alta no dólar, pois quem já tinha se posicionado teve que voltar atrás, pressionando a moeda para cima", disse Laatus.
Dúvidas sobre endividamento da Petrobras
Sobre Petrobras, Alvaro Bandeira, do Modalmais, disse que alguns investidores podem estar preocupados com o endividamento da empresa, que prometeu reduzir o nível de endividamento em relação aos ativos. "Olhando pelo lado da Petrobras, a preocupação pode ser com o risco de a empresa não cumprir o que ele prometeu com relação à desalavancagem", disse. O economista afirmou que uma queda das ações da estatal pode ser revertida porque a Petrobras ficou com excelentes campos de exploração.
O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, disse que a empresa vai usar caixa para fazer frente ao pagamento do bônus de assinatura da aquisição dos dois blocos que levou no leilão.
A Petrobras foi vencedora da área de Búzios, a mais cobiçada, dona de 90% em um consórcio a chinesa CNOOC Petroleum e com a CNODC Brasil. Para área de Itapu, a petroleira brasileira foi a única a fazer oferta. Assim, a empresa brasileira terá que pagar a maior parte dos R$ 69,9 bilhões pelas áreas que arrematou. A companhia tem a receber do governo R$ 34 bilhões, pela revisão do contrato de cessão onerosa, mas terá que usar recursos de caixa para fazer o encontro de contas.
Para a XP Investimentos, apesar da qualidade dos ativos do leilão da cessão onerosa, a predominância da empresa nas ofertas sinalizou um desvio pontual na estratégia atual de redução do endividamento.
"Na nossa visão, isso deve levar a um desapontamento das expectativas do mercado quanto à possível redução do endividamento da companhia com a entrada de tais recursos", disse o analista de energia e petróleo & gás da XP Investimentos, Gabriel Fonseca. Nas contas dele, a dívida líquida da Petrobras vai subir de R$ 214,8 bilhões, para R$ 243,9 bilhões.
Com base nas demonstrações financeiras da Petrobras, a companhia tinha R$ 54,9 bilhões em caixa e aplicações no último trimestre, sendo R$ 25,1 bilhões no Brasil e R$ 28,2 bilhões no exterior.
*Com Reuters
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