Gestão atual da empresa não tem nada a ver com o passado, diz executivo da Oi
A Operação Mapa da Mina investiga supostos repasses financeiros que teriam sido realizados pelas operadoras de telefonia Oi e Vivo Telefônica em favor de empresas do grupo Gamecorp/Gol, controladas pelo filho mais velho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, pelos irmãos Fernando Bittar e Kalil Bittar e pelo empresário Jonas Suassuna.
Segundo o MPF, os pagamentos da Oi, a antiga Telemar, foram efetuados entre 2004 e 2016 e somam cerca de R$ 132 milhões. Para os procuradores, parte desses recursos foi usada para compra do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, cujo proprietário oculto seria o ex-presidente Lula. O sítio, pivô da maior condenação da Lava Jato já imposta a Lula (17 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, da qual o petista recorre em liberdade), tem Suassuna entre os donos formais.
"Estamos fornecendo todas as informações necessárias e solicitadas que embasam a investigação da Polícia Federal", afirmou Abreu, em entrevista coletiva na sede da companhia, no Rio, no início da noite desta terça-feira, ressaltando que a Oi é a principal interessada em saber se houve alguma irregularidade na empresa. "Desde meados do ano passado, a dinâmica de governança que não tem nada a ver com o passado pré-recuperação judicial", completou o executivo.
Após aprovar seu plano de recuperação judicial no fim de 2017, a Oi trocou toda a diretoria executiva em 2018 e passou a ter um Conselho de Administração formado por membros independentes. Segundo Abreu, que está no cargo há cerca de dois meses, o atual conselho, empossado em setembro de 2018, instalou auditorias internas de investigação sobre operações passadas.
Ainda assim, Abreu evitou confirmar os valores citados pela PF e pelo MPF. "Temos processos de auditoria para averiguar quaisquer valores que foram declarados. Não cabe à companhia confirmar repasses ou quaisquer outras informações dadas pela PF", afirmou Abreu, frisando que a entrada da Oi no capital da Gamecorp foi uma operação anterior ao plano de recuperação judicial, "feita por um grupo de gestores e acionistas que não se encontram mais".
De acordo com as investigações da PF e do MPF, contratos, notas ficais e dados conseguidos após a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados indicam que as empresas do grupo Oi investiram na Gamecorp/Gol, e contrataram a empresa, sem a cotação de preços com outros fornecedores. Também teria havido pagamentos superfaturados e por serviços não executados.
O atual presidente da Oi, Eurico Teles, advogado com 38 anos de carreira na companhia que assumiu a presidência em novembro de 2017, já em meio ao pedido de recuperação judicial, negou que soubesse de qualquer irregularidade envolvendo as operações. O executivo limitou-se a ressaltar que a "Oi entrou na Gamecorp há muitos anos", quando tanto o Conselho de Administração quanto os donos eram outros. Ponderando que não fazia parte da gestão nem do conselho à época, Teles disse que "a análise econômica e de oportunidade de negócio não posso avaliar".
"Qual foi o benefício que teve essa companhia? Eu desconheço. Estou aqui há 38 anos e vou dizer o seguinte: essa companhia é só pepino. Ela foi para recuperação judicial, uma companhia deste tamanho", afirmou Teles.
Ainda conforme as investigações, em troca das operações com o grupo Gamecorp/Gol, a Oi teria sido beneficiada pelo governo federal com decisões políticas e administrativas no setor de telecomunicações, como um decreto presidencial de 2008, assinado por Lula, que permitiu a operação de aquisição da Brasil Telecom pelo grupo Oi. Além disso, a operadora de telefonia também teria sido beneficiada pela nomeação de conselheiro da Anatel, a agência reguladora do setor.
O COO Abreu contestou a ideia de que a companhia tenha tido algum benefício com as medidas. Isso porque a aquisição da Brasil Telecom, seguida pela entrada da Portugal Telecom (PT) no capital da Oi, na visão do executivo, está na origem da "crise de liquidez", que elevou a dívida da operadora de telefonia brasileira acima do suportável, levando a empresa à recuperação judicial.
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