FMI prevê economia global com recuperação frágil e dominada por riscos baixistas
De acordo com o documento, o cenário de aceleração do crescimento global considera que o avanço do coronavírus será "contido rapidamente", mas uma demora em resolver o problema poderia intensificar as quebras de cadeias de suprimentos e afundar a confiança global.
Mesmo no cenário base, a equipe do FMI considera "provável" que a desaceleração da atividade chinesa impacte outras economias por meio de efeitos em preços de commodities e de redução de demanda, que deve impedir que os setores de tecnologia e automóveis contribuam com o crescimento global.
"A recuperação de curto prazo também poderia ser prejudicada por novas decepções com economias anteriormente estressadas ou com desempenho abaixo do esperado ou por uma alta acentuada nos prêmios de risco, causada, por exemplo, por ataques cibernéticos, uma escalada em tensões geopolíticas no Oriente Médio ou por uma quebra nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China", diz a equipe do FMI.
O documento cita riscos de reescalonamento das tensões comerciais entre os países, apesar da assinatura da fase 1 do acordo comercial. A redução da incerteza exigiria que o acordo fosse complementado por esforços coletivos para reformar o sistema de comércio multilateral, diz o texto.
"O acordo não reverte o conjunto completo de tarifas recentemente impostas, falha em resolver de maneira duradoura a incerteza acerca do futuro relacionamento entre os países e contém distorções de comércio administrado. Desta forma, restrições comerciais e uma contínua incerteza acerca da política de comércio continuam servindo como entrave ao investimento e sentimento", avalia o FMI.
A equipe da instituição considera que o ciclo de afrouxamento monetário e fiscal em algumas economias ajudou a impedir uma desaceleração mais intensa da atividade global e continua a dar suporte ao crescimento e avalia que, para garantir a recuperação, seria necessário manter as taxas em patamares estimulativos por algum tempo.
"Onde houver espaço, os formuladores de políticas devem aproveitar as baixas taxas para fazer investimentos na produção e aumentar o crescimento potencial. No entanto, as taxas baixas por muito tempo (low-for-long) também levaram a uma acentuação continuada em vulnerabilidades, intensificando a necessidade de prudência nas políticas macro e microeconômicas", diz a entidade.
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