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Vírus faz startup contratar a distância

Bruno Capelas

19/03/2020 07h01

Já pensou em começar a trabalhar numa empresa sem nem sequer apertar a mão ou tomar um café com o novo chefe? O hábito está se tornando o "novo normal" em algumas startups brasileiras, que estão mantendo seu ritmo de contratação em meio à pandemia do novo coronavírus. Nos unicórnios (empresas avaliadas acima de US$ 1 bilhão) Gympass, Loft e Wildlife, os novos funcionários estão sendo contratados remotamente e, para começar a trabalhar, recebem equipamentos em casa. Reunião com o chefe para saber o que fazer? Tudo por videoconferência.

Com mais de 100 vagas abertas no mundo, a Wildlife está usando ferramentas online para seleção. "Conseguimos, por exemplo, passar um desafio de programação a um candidato e ver em tempo real, pela internet, como ele o resolve", diz Gonzalo Mones, chefe global de recrutamento da empresa. Após ser escolhido, o novo funcionário recebe apoio por e-mails e pelo programa de videochamadas Zoom. "Não é o ideal, mas fazemos o possível para o funcionário se sentir em casa", afirma o executivo.

Na startup de imóveis Loft, há a previsão de realizar 40 contratações até o fim do mês - a empresa deve encerrar o trimestre com 550 funcionários. Nas últimas duas segundas-feiras, a companhia realizou dois processos de integração (onboarding, no jargão das startups) 100% virtual, com 37 pessoas.

"Antes do funcionário começar, abrimos um grupo de WhatsApp para tirar dúvidas", afirma Ricardo Kauffman, líder de relações públicas da Loft, fazendo referência para o software de mensagens corporativas que tem se destacado em tempos de home office. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Kauffman afirma que o planejamento de contratação a partir de abril ainda está em aberto.

Na Gympass, dona de um serviço de assinatura corporativo de academias, os recém-chegados ainda estão buscando computador na sede da empresa, na zona sul da capital paulista - mas algumas máquinas já estão sendo enviadas para a casa dos colaboradores. A empresa também faz sessões virtuais de integração. "A sessão presencial é cheia de situações e é mais gostosa de participar. A virtual não é tão interativa e divertida. O grande desafio é passar a cultura da empresa", diz Marcelo Palhares, gerente de desenvolvimento e treinamento da startup. Na última segunda-feira, 30 "novatos" participaram do processo de onboarding.

Ritmo

Em outras empresas, porém, há uma divisão de prioridades. É o que acontece na fintech Creditas: com 70 vagas abertas, a empresa está fazendo seleção remota, mas decidiu adiar a entrada de novos colaboradores.

Segundo levantamento da startup de recrutamento Revelo, espera-se crescimento de 15% na contratações de vagas em operações e tecnologia, com maior flexibilidade para trabalho remoto. "Vemos um movimento de preparação para conduzir processos seletivos e ter times completos caso a situação se agrave", afirma Lucas Mendes, presidente executivo da Revelo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.