Medidas de aumento de liquidez têm impacto total de R$ 1,2 trilhão, diz Ipea
Os cálculos sobre os valores foram publicados numa seção da Carta de Conjuntura do Ipea, publicada nesta segunda-feira, 30, no site da instituição, na qual os pesquisadores também anunciaram novas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020. As estimativas, que variam conforme a duração do período de isolamento social por causa da covid-19, consideram uma rápida recuperação no terceiro trimestre, hipótese que depende do sucesso das políticas de mitigação adotadas pelo governo.
No caso das políticas de cunho monetário adotadas pelo BC, a "liberação total de liquidez", de 17% do PIB, é quase seis vezes maior do que os 3,5% do PIB injetados na crise financeira global de 2008, conforme os cálculos do Ipea. "A liberação total de liquidez alcançada pelas medidas é de R$ 1,2 trilhão, valor correspondente a 17% do PIB, bem superior ao montante envolvido na crise de 2008, de R$ 117 bilhões (3,5% do PIB). O impacto potencial sobre o crédito das medidas de liberação de capital é também de R$ 1,2 trilhão", diz um trecho da seção da Carta de Conjuntura.
Ao resumir as medidas do BC, os pesquisadores lembram que a autoridade monetária, "que havia sinalizado com a manutenção da taxa de juros após reduzi-la de 4,5% para 4,25% a.a. na reunião do início de fevereiro, promoveu um novo corte na reunião de março, para 3,75% a.a".
"Além disso, o Conselho Monetário Nacional aprovou medidas que facilitam a renegociação de dívidas de empresas e famílias junto ao sistema bancário, ao reduzir as necessidades de provisionamento para créditos de liquidação duvidosa, e diminuiu também as exigências de capital dos bancos para a concessão de empréstimos. Vale lembrar que essas medidas se somam à redução de alíquotas de compulsórios sobre depósitos a prazo, anunciada em 20 de fevereiro, de 31% para 25%, complementada por uma nova redução, para 17%, em 20 de março", escreveram os pesquisadores do Ipea.
Pelo lado do impacto fiscal, as medidas anunciadas pelo governo até agora somam cerca de R$ 150 bilhões. No entanto, "a intervenção total do governo", que inclui financiamentos e crédito às empresas, "especialmente as micro, pequenas e médias, já é superior a R$ 300 bilhões", calculam os pesquisadores.
A equipe do Ipea aproveitou a Carta de Conjuntura para alertar que é importante que as medidas fiscais sejam "de caráter temporário e extraordinário, permitindo a manutenção do teto de gastos sem que isso limite o escopo das ações necessárias à preservação da vida por meio da ampliação da capacidade dos serviços de saúde e da manutenção da renda".
"Medidas de política fiscal de caráter permanente, que resultem em alta de gastos obrigatórios devem ser evitadas para não colocar em risco o equilíbrio macroeconômico de longo prazo, que poderia prejudicar a recuperação econômica prevista neste texto e poderia gerar custos muito altos em termos de perda de renda e emprego. A aprovação de emendas constitucionais que dessem maior flexibilidade na gestão da política fiscal ajudaria a minimizar esse risco", diz um trecho da seção da Carta de Conjuntura.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.