O brasileiro e o momento econômico atual
A atividade econômica teve retração de 1,5%, afetada pelo fechamento de indústrias e comércio a partir da segunda metade de março e também pela queda no consumo das famílias. Além da perda de renda generalizada, o isolamento impediu que os brasileiros saíssem de casa para fazer compras - o consumo se limitou ao essencial.
A rotina da população mudou e todos tiveram de procurar soluções para atravessar esse momento inédito na vida do brasileiro e da população mundial em geral. Queda na atividade econômica e aumento no desemprego não são exclusividades do Brasil.
O baque atingiu tanto as grandes empresas - que têm recorrido à suspensão de contratos de trabalho, redução de jornada e salários e, no extremo, a demissões - quanto os médios e pequenos negócios.
No entanto, as grandes empresas, geralmente, têm mais fôlego antes de chegarem a demitir os funcionários, ou mesmo a fechar as portas.
Cresceu o comércio online com o uso de aplicativos. Com medo do contágio, o brasileiro está evitando aglomerações e a rotina de ir a supermercados tem sido trocada pelas compras pela internet. Bares e restaurantes incrementaram seus serviços de delivery.
Os motoboys entregam de documentos a comida. Os microempreendedores usam as redes sociais na busca de clientes. Artistas recorrem a lives.
Mas tudo isso não conseguiu evitar que a taxa de desemprego subisse para 12,6% em abril e quase 5 milhões de brasileiros perdessem o emprego no País.
A reportagem do Estadão foi ouvir a história desses brasileiros que buscam caminhos para atravessar um dos momentos mais difíceis da economia do País.
'É triste ver o espaço vazio'
O chef Cristiano Xavier, que trabalha no grupo de organização de eventos El Dorado, sente falta do movimento de antes. "É triste ver um espaço vazio onde servíamos refeições para até 8 mil pessoas. Eu me sinto um pouco impotente, sem poder fazer nada." Xavier é um dos 75 funcionários da empresa que foram mantidos. Outros 250 intermitentes ficaram sem trabalho.
Concorrência na rua aumentou
Caíque Alves, de 27 anos, faz entregas de moto - de documentos a comida - por aplicativos e percebeu o aumento na concorrência durante a pandemia. "Tem de ficar mais tempo na rua e trabalhar mais para ganhar o mesmo de antes."
Filho ajuda com redes sociais
Sem festas de casamento e outros eventos programados, a florista Érica Tiburcio enfrenta a queda de 70% na demanda por suas flores. "O que tem segurado um pouco são os clientes que compram arranjos e dão flores de presente." Sem familiaridade com plataformas online de venda, ela conta com a ajuda do filho de 13 anos para gerenciar conta no Instagram.
'Divulgo um novo cardápio por semana'
O chef Matheus Zanchini fechou uma das duas unidades de seu restaurantes de comida italiana e demitiu oito funcionários. O Borgo Mooca não fazia delivery, mas as entregas sob encomenda se tornaram inevitáveis. "Aproveito a rede de clientes no WhatsApp que já tinha e divulgo um novo cardápio a cada semana."
Renda aumentou. E o medo também
Trabalhando em uma pizzaria e em um restaurante em São Bernardo do Campo, o motoboy Lucas Souza Ferreira, 22 anos, viu crescer a correria das entregas desde o início do isolamento. Mas todo dia tem de lidar com medo de ser contaminado pelo coronavírus e passar para o filho, de seis meses.
'Daqui depende o susten de famílias'
O salão de beleza Retrô Hair, em São Paulo, está fechado há mais de dois meses. Cerca de 160 funcionários e profissionais autônomos tiveram os contratos suspensos. "Sabemos que daqui depende o sustento de muitas famílias", diz Andréia Silva, diretora operacional do salão.
'Venda de vouchers foi o que salvou'
Antes mesmo da decretação da quarentena, Igor Bueno, de 39 anos, fechou o estúdio de música que administra com o irmão em Santo André (SP). Conseguiu um respiro nas contas ao oferecer serviços a preços promocionais, para quando reabrir. "A venda de vouchers foi o que salvou."
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