Plano de Guedes para aprovar CPMF inclui diminuir FGTS dos trabalhadores
O ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou ao presidente Jair Bolsonaro um plano para tentar diminuir as resistĂȘncias no Congresso Ă criação de novo imposto sobre transaçÔes digitais - no mesmo modelo da extinta CPMF, mas com alcance maior.
Como contrapartida, segundo apurou o EstadĂŁo, a ideia Ă© reduzir Ă metade o peso efetivo da tributação que as empresas pagam sobre os salĂĄrios dos funcionĂĄrios. Hoje, as empresas pagam uma alĂquota de 20% sobre os salĂĄrios como contribuição Ă PrevidĂȘncia. A proposta Ă© reduzir esse peso de encargos para 10%.
Guedes vai propor a redução de 20% para 15% da alĂquota das empresas com um custo de R$ 50 bilhĂ”es de perda de arrecadação federal. A redução dos outros 5 pontos porcentuais seria obtida, na prĂĄtica, com duas medidas parafiscais (sem impacto no Orçamento do governo): redução de 8% para 6% do valor dos salĂĄrios que Ă© depositado pelas empresas nas contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e corte permanente da metade dos encargos que pagam ao Sistema S.
AlĂ©m disso, a contribuição das empresas ao INSS do trabalhador que ganha atĂ© um salĂĄrio mĂnimo (hoje, R$ 1.045) serĂĄ isenta para o patrĂŁo, ao custo de R$ 25 bilhĂ”es por ano para os cofres da UniĂŁo. Essa medida integra o novo modelo de Carteira Verde Amarela em gestação pela equipe econĂŽmica. Essa desoneração vale sĂł para o trabalhador que recebe um salĂĄrio mĂnimo e visa aumentar as contrataçÔes e barrar demissĂ”es de quem jĂĄ tem emprego formal.
Guedes tambĂ©m prepara dois acenos importantes para ter apoio ao novo tributo: Ă classe mĂ©dia (com a ampliação da faixa que fica isenta do IR, dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 3 mil) e Ă indĂșstria, com o fim da cobrança do IPI para eletrodomĂ©sticos. Aos cofres pĂșblicos, a primeira medida tem impacto de R$ 22 bilhĂ”es e a segunda, de R$ 30 bilhĂ”es. Um corte total do IPI para todos os produtos custaria bem mais: R$ 50 bilhĂ”es, segundo fonte que trabalha na proposta. Guedes quer acabar com o IPI para produtos, como por exemplo, geladeiras, mĂĄquinas de lavar e fogĂŁo.
A medida Ă© importante para conseguir o apoio da indĂșstria ao novo tributo. O setor de serviços jĂĄ apoia a recriação da CPMF como saĂda para tirar do papel a chamada desoneração da folha de salĂĄrios.
Até o momento, o governo apenas enviou ao Congresso projeto de fusão de dois impostos federais: PIS e Cofins. O presidente Jair Bolsonaro deu autorização para que a equipe econÎmica avance numa proposta que inclua o novo tributo sobre transaçÔes financeiras.
Apoio
Ao EstadĂŁo, o presidente da Confederação Nacional da IndĂșstria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse estar disposto a discutir a criação de um novo tributo nos moldes da CPMF. "Achamos que a desoneração da folha, dependendo do nĂvel que serĂĄ feita, talvez seja necessĂĄria com uma nova base de tributação. Hoje, estĂĄ evoluindo muito com comĂ©rcio digital", afirmou.
A conta da fatura total de medidas de compensação Ă recriação da CPMF seria de R$ 127 bilhĂ”es. Pelas contas do governo, uma nova contribuição com alĂquota de 0,2% cobrada tanto no crĂ©dito (entrada dos recursos na conta) como no dĂ©bito (qualquer retirada de recursos) pode arrecadar R$ 125 bilhĂ”es.
Para bancar o Renda Brasil, o novo programa social que vai abarcar o Bolsa FamĂlia, o governo quer aumentar a alĂquota do IR dos salĂĄrios mais altos (acima de R$ 40 mil mensais), cortar as deduçÔes de educação e saĂșde (as deduçÔes reduzem ou isentam de pagar o imposto), e tributar os lucros e dividendos (a parcela do lucro distribuĂda aos acionistas de uma companhia). Dependendo do modelo, o benefĂcio mĂ©dio do novo programa pode subir de R$ 190,16 para um patamar mais prĂłximo de R$ 300.
As informaçÔes são do jornal O Estado de S. Paulo.
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