'Vejo uma luz no fim do túnel'
Três semanas depois, a receita da empresa caiu a quase zero e um evento que estava agendado para o fim de março, em que a Azul inauguraria um novo hangar em Campinas e anunciaria que havia sido eleita a melhor companhia aérea do mundo pela plataforma de viagens Tripadvisor, foi postergado.
"Gastamos dinheiro preparando um grande evento e, de repente, nem podíamos fazer a festa. Até agora não fizemos a inauguração do hangar", diz o presidente da empresa, John Rodgerson.
Para os funcionários da área administrativa, a Azul instaurou, então, um regime de home office, mas a diretoria continuou indo ao escritório para discutir as medidas para preservar o caixa.
No prédio em Barueri, em São Paulo, em que costumam trabalhar 1.500 pessoas, houve dia em que eram apenas 13 funcionários - membros do comitê executivo, da área de recursos humanos e do planejamento de frota e malha.
Logo, a companhia começou a negociar dívidas e pagamentos com credores, fornecedores e funcionários. "Nosso plano foi simples: todo mundo tem de ajudar. Se você depende da Azul na sua vida, terá de ajudar. Eu falei: 'se você der prazo, vai receber 100% do que é devido, mas, se eu tiver de ir para recuperação judicial, você vai receber bem menos'. É o clássico sanguessuga: se todo mundo que depende da gente tira todo nosso sangue agora, vai morrer um mês depois."
Com os funcionários, o acordo foi que a maioria entraria em licença não remunerada. Dos 13,8 mil, 11,7 mil ficaram sem trabalhar e sem receber por pelo menos um mês. A empresa não diz quantos ainda estão nessa situação nem o número de demitidos.
Em novembro, a Azul captou R$ 1,7 bilhão emitindo debêntures conversíveis em ações. A injeção de capital veio pouco depois de a empresa sentir os primeiros sinais de melhora no setor. "Não estamos a cinco anos de uma vacina. Estou vendo luz no fim do túnel." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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