Com pandemia, Embraer registra prejuízo de R$ 2,4 bilhões em 2020
O resultado negativo da fabricante de aeronaves decorreu, sobretudo, da debilidade dos negócios da aviação executiva. A Embraer entregou, no ano passado, 44 aeronaves para empresas aéreas, que, em geral, congelaram suas encomendas por causa da pandemia. Em 2019, haviam sido 89 entregas. Com isso, a receita líquida do braço de aviação comercial da Embraer ficou em R$ 5,8 bilhões, uma queda de 35% na comparação com o ano anterior.
A aviação executiva e a de defesa tiveram desempenhos melhores. A primeira teve receita líquida de R$ 5,6 bilhões, quase no mesmo patamar registrado em 2019. A segunda, de R$ 3,4 bilhões, com crescimento de 52%. Já o segmento de serviços e suporte da Embraer recuou 4,2 %, com R$ 4,7 bilhões.
Em teleconferências com analistas e jornalistas, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou ontem que novas vendas de aeronaves dependem da velocidade da vacinação ao redor do mundo. "Estamos conversando com companhias aéreas, mas a conclusão dos contratos depende do progresso da vacinação." O executivo disse ainda esperar uma retomada no mercado a partir do segundo semestre deste ano. "Vemos muitas oportunidades no futuro, apesar dos desafios de curto prazo."
Gomes Neto também afirmou que quase todos os custos decorrentes do fracasso do acordo de venda do braço de aviação comercial da Embraer para a Boeing foram reconhecidos em 2020 e praticamente não devem prejudicar o desempenho da empresa em 2021.
"Vamos investir recursos, neste ano, no projeto de reintegração da aviação comercial, mas 95% dos custos totais ficaram no resultado de 2020."
Avaliação
Para André Pimentel, sócio da consultoria de gestão Performa Partners, a fabricante brasileira saiu mais fortalecida de 2020 do que suas principais concorrentes, Boeing e Airbus. "A Embraer tem o portfólio mais bem adaptado às tendências do setor de aviação para o futuro", afirmou.
Em relatório distribuído após a Embraer anunciar seus resultados, o banco BTG Pactual destacou que o desempenho da empresa no quarto trimestre foi melhor que o esperado. "Olhando para o futuro, acreditamos que os investidores devem agora se concentrar no ritmo de recuperação do mercado de aviação, que esperamos que continue", escreveram os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia.
Entre outubro e dezembro do ano passado, a Embraer teve um prejuízo de R$ 70,2 milhões. No mesmo período de 2019, as perdas chegaram a R$ 383,6 milhões. A recuperação no último trimestre do ano animou os investidores e as ações da companhia fecharam o dia com alta de 4,01%.
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