Yellen defende orçamento maior para prosseguir com recuperação nos EUA
Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen defendeu a necessidade de aumentar os gastos do governo americano por meio do orçamento do ano fiscal de 2022, cuja proposta da administração Biden será apresentada na sexta-feira. De acordo com ela, a economia do país está se recuperando da pandemia, "mas ainda há um longo caminho pela frente", e não será possível prosseguir com a retomada com um orçamento desenhado para o nível de gastos de 2010.
"Desconsiderando a inflação, o nível do orçamento atual é o mesmo daquele promulgado em 2010, e agências de política crítica viram seus orçamentos cortados em até 20% desde 2016", afirmou Yellen, em testemunho a deputados do Comitê de Apropriações da Câmara dos Representantes dos EUA.
Detalhando os "necessários repasses adicionais" ao Tesouro promovidos pela proposta orçamentária de Biden, a secretária citou maiores gastos desatinados à agência que lida com crimes financeiros do departamento, bem como a "instituições financeiras de desenvolvimento comunitário".
Segundo ela, o orçamento de Biden também eleva os repasses ao Internal Revenue Service (IRS, o equivalente à Receita Federal do país). US$ 13,2 bilhões adicionais seriam destinados a gastos discricionários, além de outros US$ 417 milhões relacionados aos gastos do primeiro ano do plano de investimentos em seguridade social pretendido pelo governo dos EUA.
'Certa folga'
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos considera que a economia norte-americana ainda oferece "certa folga" para novos planos fiscais, como planeja o presidente Joe Biden em seus projetos de investimentos em infraestrutura e seguridade social. Na sessão de perguntas de deputados do Comitê de Apropriações da Câmara dos Representantes do país, a secretária afirmou não esperar que os gastos adicionais provocarão uma alta duradoura na inflação.
Para Yellen, o aumento recente nos níveis de preços nos EUA reflete em grande parte os choques provocados pela pandemia de covid-19, que mudaram o padrão de gastos de consumidores, em favor de bens duráveis e em detrimento de serviços.
Além disso, ela cita gargalos na cadeia de suprimentos, classificando-os como transitórios. Ainda assim, a ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) afirmou estar atenta à trajetória inflacionária, para que as pressões não "impregnem" na economia.
Quanto à possibilidade do maior volume de gastos do governo tornar o nível da dívida pública insustentável, Yellen previu que os investimentos propostos por Biden poderiam ser pagos dentro da próxima década, com os juros sobre a dívida "bastante gerenciáveis".
Sanções
Segundo a secretária, o Tesouro vai "reavaliar cuidadosamente" as sanções adotadas contra o Irã, caso o país do Oriente Médio retorne ao acordo nuclear de 2015 e passe a cumprir com as regras do pacto.
Yellen ainda afirmou que o departamento usará de "toda a sua autoridade" para combater "atividades maléficas" promovidas pelo governo da Rússia.
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