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BC: Oferta de bancos no crédito a pessoas físicas deve elevar inadimplência

BC diz o crédito não consignado tem crescido principalmente em operações com tomadores que possuem maior risco - Marcello Casal JrAgência Brasil
BC diz o crédito não consignado tem crescido principalmente em operações com tomadores que possuem maior risco Imagem: Marcello Casal JrAgência Brasil

Eduardo Rodrigues

Estadão Conteúdo, Brasília

07/03/2022 09h33

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central alertou que o apetite dos bancos no crédito para pessoas físicas deve elevar a inadimplência e pediu que as instituições financeiras continuem preservando a qualidade das concessões. No dia 24 de fevereiro, o Comef decidiu manter o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em 0%.

"O apetite ao risco das instituições financeiras segue aumentando, com destaque para algumas modalidades de crédito para famílias. Esse movimento deve elevar a inadimplência, ainda que dentro de padrões históricos", aponta o colegiado, na ata publicada nesta segunda-feira, 7.

De acordo com o BC, o crédito não consignado tem crescido principalmente em operações com tomadores que possuem maior risco. Por outro lado, as concessões de crédito imobiliário têm arrefecido por causa do aumento das taxas de juros. Segundo o Comef, isso gera pressão sobre o funding e o spread da modalidade habitacional.

O BC considerou que o crescimento do crédito amplo continua condizente com os atuais fundamentos econômicos. A ata cita a aceleração do crédito para famílias em modalidades com maiores retornos, mas também com maiores riscos. Apesar do crédito para micro e pequenas empresas ter desacelerado com o fim de programas emergenciais, o Comef salienta que as concessões seguem em ritmo superior ao pré-pandemia, enquanto as maiores empresas têm acessado principalmente o mercado de capitais.

Perdas da pandemia

O Comef do Banco Central avaliou ainda que a materialização das perdas decorrentes da pandemia tem sido inferior ao esperado e destacou que os bancos brasileiros seguem bem provisionados. "As provisões mantiveram-se adequadas, acima das estimativas de perdas esperadas. O aumento de faturamento das empresas em geral e a redução de alavancagem das empresas abertas favorecem a redução da materialização do risco de crédito. No caso das famílias, o crescimento da carteira de ativos problemáticos tem acompanhado o da carteira de crédito", afirmou o colegiado, na ata.

O comitê destacou que os níveis de capitalização e de liquidez do Sistema Financeiro Nacional (SFN) mantiveram-se superiores aos requerimentos prudenciais. "O nível de liquidez continua adequado, mesmo com a redução dos buffers voluntários constituídos no início da pandemia. O nível de capital manteve-se estável e superior ao requerido. A rentabilidade está em recuperação, apesar da pressão do aumento do custo de captação", detalhou o documento.

Da mesma forma, o BC assegurou que os resultados dos testes de estresse demonstram que o sistema está resiliente e não apresentaria problema relevante, caso os cenários considerados se concretizassem. Por isso, o Comef avaliou que a política macroprudencial atual segue adequada, sem necessidade de ajustes no curto prazo.

"A neutralidade da política macroprudencial continua apropriada considerando as expectativas do Comef sobre o crescimento do crédito. Nesse sentido, será concluído em abril próximo o processo de reversão dos incentivos adotados em 2020, com o restabelecimento da parcela Adicional de Conservação de Capital Principal (ACPConservação). As informações disponíveis indicam que os preços dos ativos têm se comportado de forma benigna", repetiu a ata.

O colegiado reconheceu que o ritmo do crescimento do crédito tende a arrefecer, reduzindo os riscos no horizonte, mas ponderou que ainda restam incertezas no cenário. "O Comef segue recomendando que as instituições financeiras mantenham a prudência na política de gestão de crédito e de capital", concluiu a ata.