Alta de preço de imóvel deve ter freio
Entre os vilões, segundo ele, estão a alta dos juros - que se reflete no financiamento imobiliário - e também a inflação em geral. "Vimos uma inflação alta no País, mas os salários não subiram da mesma forma. E a taxa de juros do financiamento não deve cair tão cedo. A saída para o consumidor vai ser escolher um imóvel menor ou em área mais distante", diz o especialista da FGV.
Há também o peso das incertezas sobre os rumos do País com a troca de governo. "O momento é de precaução", disse Alison Pablo Oliveira, coordenador da pesquisa de preços de imóveis da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). "No frigir dos ovos, a perspectiva é de alguma estabilidade nos preços, em linha com a inflação. Não esperamos um mercado muito pujante."
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), baseados nos laudos de avaliação de imóveis novos e usados comercializados com financiamento bancário, mostram alta média de preços de 14,7% nos 12 meses encerrados em outubro, em dez capitais.
Outra pesquisa aponta um crescimento mais brando, de 6,34% no mesmo período, mas também superando a inflação de 5,9% medida pelo IPCA. Esse levantamento é da Fipe a partir dos anúncios de imóveis predominantemente usados. A base abrange 50 cidades. A pesquisa da Fipe costuma ter oscilação menor porque os imóveis usados são reajustados em ritmo mais lento. Já unidades na planta, em obras ou recém-construídas recebem repasse automático de custos das construtoras.
MARGENS
Apesar do desempenho de 2022, o mercado diz estar com margens espremidas. "O mercado não conseguiu repassar aos preços de forma tão abrupta o aumento do custo dos insumos nos últimos trimestres", disse o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Rodrigo Luna. "As empresas ainda têm necessidade de buscar a recomposição."
De toda forma, o desempenho do setor não pode ser considerado ruim. "Os preços das residências continuam a apresentar evolução positiva. Há pouco espaço para que a tendência se esgote no curto e médio prazo, já que os custos de reposição estão em alta mesmo com a desaceleração da inflação", disse o analista do Bradesco BBI, Bruno Mendonça. Só quando o limite de poder de compra do consumidor for atingido é que os preços devem começar a baixar, diz o analista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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