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Saldo total da carteira de crédito deve subir 1,1% em março, projeta Febraban

São Paulo

19/04/2023 14h24

O saldo total da carteira de crédito deverá voltar a crescer em março, com alta de 1,1%, após dois meses seguidos de ligeira contração, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Um dos destaques, segundo a entidade, é a estimativa de alta para o crédito destinado às famílias, que deve avançar 1,1%, liderado pela carteira direcionada (+1,5%), com forte performance dos créditos rural e imobiliário. Já a carteira livre deve crescer 0,8%, recuperando algum fôlego após ficar estável no mês anterior, estima a federação.

A Febraban explica que as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do País e a pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada em 26 de abril.

Outro destaque da alta de março deve vir da carteira voltada à pessoa jurídica, com estimativa de crescimento de 0,9%. O avanço deve ser puxado pela carteira Livre (+1,2%), com alguma recuperação em março, após o impacto negativo em fevereiro decorrente do episódio das Lojas Americanas.

De acordo com o levantamento, a sazonalidade positiva das linhas de fluxo de caixa, típica no fechamento de trimestre, também deve contribuir para o resultado. Ainda assim, o crescimento deve vir abaixo da média do período, levando a uma nova desaceleração em 12 meses, de 4,9% para 4,6% na carteira PJ livre.

Na carteira direcionada, a alta deve ser mais modesta (+0,4%), embora suficiente para sustentar a aceleração do ritmo de expansão anual, tendência observada desde o 2º semestre de 2022. No caso, o ritmo da expansão deve subir de 7,7% para 8,0%, respondendo à reedição dos programas públicos e ganho de tração das linhas com recursos do BNDES.

Para o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg, apesar do avanço no mês, o ritmo de expansão anual da carteira deve seguir em desaceleração, passando de 12,6% para 12,3%. "Isso reforça a perspectiva de um crescimento nominal mais modesto do crédito em 2023 devido a um cenário de maior inadimplência e desaceleração econômica, que normalmente tornam as concessões mais seletivas", avalia.

Concessões

A Pesquisa Especial de Crédito revela que as concessões em março deverão apresentar um crescimento de 22,4%, devido ao maior número de dias úteis ante fevereiro e da sazonalidade positiva de algumas modalidades. Quando ajustado por dias úteis, a alta deve ser de 1,1%, um valor relativamente baixo para o padrão histórico do mês.

Já no cenário de 12 meses, o volume de concessões deve recuar de 17,0% para 14,7%, influenciado pela perda de ímpeto das operações com recursos livres (de 16,8% para 14,1%), mais aderente às condições econômicas e seguindo tendência de acomodação, cenário já previsto pela pesquisa em outras edições.

O destaque deverá ficar para as concessões às empresas, com alta de 5,5% (já ajustado), com sinais de recuperação das linhas mais afetadas pelo caso Americanas, mas ainda com um volume abaixo da média histórica.

Devido ao cenário de maior inadimplência e desaceleração econômica, as concessões voltadas às famílias devem retrair 2,1% (também ajustadas). A paralisação temporária da oferta de crédito consignado do INSS (após a redução dos juros da modalidade) também pode ter afetado negativamente o desempenho do mês.